sexta-feira, 22 de outubro de 2010

REFORMA PROTESTANTE: O QUE TEMOS COM LUTERO?

            Muitas instituições e igrejas batistas comemoram o dia 31 de outubro de 1517 como o início da Reforma protestante. Naquele dia Lutero trouxe a público suas 95 teses contra os abusos da Igreja Católica, especialmente as indulgências. Lutero veio a converter-se em 1519, e em 1521 rompeu definitivamente com a Igreja Católica, lançando-se à tarefa de criar uma igreja reformada alemã. Simultaneamente a Lutero, Ulrico Zwinglio iniciou a Reforma protestante na Suíça. Em 1519 começou a pregar que o homem só pode ser justificado por meio da graça e do poder transformador de Cristo. Entretanto, antes de Lutero e Zwinglio, outras pessoas e outros movimentos, inspirados pela Palavra de Deus, já protestavam contra os erros da Igreja Católica e pregavam o retorno às doutrinas dos apóstolos: Pedro de Bruys, Henrique de Lausane e Pedro Valdo (França, século XII); João Wycliffe (Inglatera, século XIV); e João Huss (Boêmia, séculoXV), além de muitos outros.
           Portanto, Lutero não pode ser considerado o iniciador da Reforma Protestante. Foi, talvez, o primeiro a alcançar êxito e repercussão, pois conseguiu o apoio dos nobres da Alemanha. Apesar da grande contribuição de Lutero à causa do Reino de Deus, manteve ainda antigos erros da Igreja Católica, como o sacramentalismo, o batismo de recém nascidos, e a concepção territorial da igreja (Zwinglio e Calvino também mantiveram o pedobatismo e a igreja territorial). Por este motivo, em seu livro Breve História dos Batistas no Brasil, o pastor José dos Reis Pereira afirma que a reforma não foi completa (p. 37).
Em 1526, na Suíça, ainda à época do início da Reforma, surgiram os anabatistas. Pregavam e praticavam a fidelidade às Escrituras, o batismo somente para convertidos, uma igreja de caráter local e formada por regenerados, e uma vida de discipulado. Eles sim levaram a Reforma até o fim. Suas doutrinas se identificam muito com as doutrinas batistas, e são considerados nossos verdadeiros precursores.
Pr. Dalton

terça-feira, 19 de outubro de 2010

PRODUZIR FRUTOS PARA JESUS: A VERDADEIRA PRÁTICA DO CRISTIANISMO

É comum, até mesmo entre os evangélicos, uma prática religiosa puramente contemplativa. Esta se restringe a buscar sentir a presença gloriosa de Deus, deixando de lado as atitudes ou frutos que o Senhor Jesus ordenou que produzíssemos. Ao contemplar a glória do Senhor Jesus transfigurado conversando com Elias e Moisés, Pedro declarou: “bom é estarmos aqui”, e propôs a Jesus que permanecessem ali. Jesus não aceitou a proposta, e desceu do monte junto com Pedro, Tiago e João ao encontro dos outros discípulos e da multidão necessitada que o aguardava. Jesus queria mostrar aos seus discípulos a sua glória, mas também quis ensinar-lhes que seu lugar não era ali, mas junto à multidão que necessitava dele (Marcos 9:2 – 29).
Há ocasiões em que nos comportamos como Pedro, e queremos ficar somente no alto do monte, contemplando a glória de Jesus. Como são maravilhosos os momentos que passamos em oração ou cultuando a Deus. Muitas vezes, ficamos maravilhados como Pedro ficou. Entretanto, a vida cristã não consiste somente nisto. Jesus ensinou que precisamos produzir frutos que glorifiquem a Deus (João 15:8). O primeiro é a obediência aos mandamentos de Jesus (João 15:8-15). O segundo fruto é a prática do amor (João 15:17), e o terceiro, a santificação (João 15:18 – 19). Finalmente, o último fruto mencionado, e não menos importante, é o testemunho de Cristo (João 15:26 – 27).
A vida cristã não consiste em querer ver a glória de Deus, mas em buscar torna-la visível ao mundo através dos frutos que produzimos. E não é isolados, no alto do monte, que iremos produzi-los, mas no meio da multidão necessitada. Nossa comunhão com Deus não deve servir apenas como meio de prazer espiritual. Ela deve, antes de tudo, nos preparar para servi-lo produzindo os frutos que o Senhor Jesus ordenou.

Pr. Dalton

SALGANDO SODOMA E GOMORRA

Sodoma e Gomorra, duas cidades dos tempos do patriarca Abraão, foram destruídas por Deus devido à extrema pecaminosidade dos seus habitantes (Gênesis 18:20-19:25). Entre as perversões que praticavam estava o homossexualismo (Gênesis 19:4-5). A situação moral daquele povo era tão grave, que nem mesmo dez homens íntegros existiam habitando naquelas cidades (Gênesis 18:32). Então Deus manifestou o seu juízo destruindo as duas cidades fazendo chover fogo e enxofre sobre elas.
Estudiosos e pesquisadores têm discutido sobre a localização das cidades destruídas. Parece que a mais plausível é o Mar Morto. A antiga planície onde as duas cidades localizavam-se seria hoje o fundo daquele mar. Contudo, ao prestarmos atenção à situação moral e espiritual de nosso país, constatamos que nossas cidades estão se tornando Sodomas e Gomorras aqui. Nossa sociedade se deteriora muito rapidamente, tornando-se cada vez mais pecaminosa em seus valores e comportamentos. Movimentos militantes da causa Gay fazem propaganda aberta do homossexualismo, sendo apoiados por governantes e órgãos públicos.
Como evangélicos e batistas, não somos contra os direitos civis de quaisquer cidadãos ou grupos. Entretanto, temos o direito de expressar nossa opinião sobre condutas que a Bíblia ensina que são pecaminosas. Deus ama o pecador, entretanto, condena qualquer forma de pecado. É nosso dever intensificar a pregação do Evangelho, alcançando todas as pessoas. O Senhor Jesus conclamou-nos a sermos sal da terra e luz do mundo, ou seja, a agirmos contra o processo de putrefação da sociedade. Temos que fazer nossa influência valer. O triste é que, algumas vezes, nós é que estamos nos deixando influenciar pela podridão que está ao nosso redor. A mulher de Ló olhou para trás e virou uma estátua de sal. Não podemos ficar olhando para trás e virar inertes estátuas de sal. Precisamos sim, olhar para Cristo e sermos sal da terra e luz do mundo. Que o Senhor nos ajude a salgarmos e iluminarmos nossa sociedade.
Dalton S. Lima

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ABORTO E O SEGUNDO TURNO

Repentinamente a mídia e os políticos se deram conta que a população do país não é agnóstica, areligiosa ou atéia. Católicos e evangélicos procuraram usar bem os seus votos em defesa dos princípios morais em que crêem. Determinados “moderninhos liberais” da imprensa estão perplexos com os debates do segundo turno sobre o aborto, como se isto fosse um anacronismo absurdo numa época em que todas as mentes brasileiras já deveriam pensar de maneira “esclarecida”. Entretanto, convém ressaltar que a discussão e a defesa de idéias e princípios estão em plena consonância com a democracia.
O estado é laico, mas a população, a quem deve servir, é, em sua maioria, religiosa. Por estado laico, entendemos que ele não se deve reger por dogmas religiosos, nem privilegiar determinada religião em detrimento de outras. Mas isto não quer dizer que o estado deva desprezar os princípios morais, a integridade da família, e o valor da vida humana. O deputado Enio Verri (PT do Paraná) declarou em entrevista à rádio CBN, que a discussão sobre o aborto não deve se basear na ética e na moral, mas em um contexto social. Também a candidata Dilma, antes do segundo turno, defendia que o aborto é problema de saúde pública. Entretanto, o Plano Nacional de Direitos Humanos, de autoria da Presidência da República, por meio da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, estabelece que o poder executivo do país deve “Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. A premissa utilizada pela presidência da república para justificar o aborto é de ordem moral (ou imoral). Há aqui uma flagrante contradição, provavelmente para acobertar uma convicção aos olhos da população. Tal premissa também revela que tipo de aborto se pretende legalizar: aquele que depende única e exclusivamente da vontade da mulher de interromper a gestação (No Brasil, o aborto já é legalizado em casos de estupro ou quando a mãe corre risco de vida.
            Já que os próprios governantes trouxeram a discussão para o campo da moral, analisemos seu argumento sob este ponto de vista: Será que a criança que está sendo gerada pode ser considerada somente como parte do corpo da mulher, ou está em formação um novo ser autônomo? Concordamos que a mulher decide sobre seu próprio corpo, mas o novo ser que está sendo gerado não é simplesmente uma parte de seu corpo, como um apêndice ou uma unha encravada. É um novo ser humano. Porque uma mulher poderia decidir sobre a morte de seu filho dentro de seu ventre, mas após o nascimento, não poderia mais? Na realidade, este tipo de aborto é desrespeito à vida, e demonstra irresponsabilidade quanto ao uso do sexo. O ser humano deve ser responsável quanto à sua capacidade de reprodução.
            Se partirmos para o contexto social, percebemos que nesta área o aborto também não se justifica. Os defensores do aborto são hábeis em esgrimir estatísticas sobre quantas mulheres pobres sofrem ou morrem ao abortar. Entretanto, é responsabilidade do estado e da sociedade esta situação, por não valorizar e proteger a família e os princípios morais. Grande parte da população é mantida na ignorância quanto ao planejamento familiar, enquanto o sexo irresponsável é estimulado pela mídia.
            Agora que a candidata Dilma acordou para a realidade do eleitorado brasileiro, comprometeu-se perante uma representação de alguns evangélicos a não enviar nenhum projeto de lei de legalização do aborto ao Congresso. Será que querem nos fazer de bobos? Ela não precisa enviar nada. Basta que algum parlamentar de sua base apresente. Se aprovado no congresso, então ela sancionará a lei, com base no texto acima citado do Plano Nacional de Direitos Humanos. Só poderíamos crer realmente em seu compromisso se o atual presidente revogasse o Plano Nacional de Direitos Humanos.
Antes de ser um problema de saúde pública, o aborto livre é uma aberração ética. É também o terrível sintoma de uma sociedade irresponsável e apodrecida em seus valores, pois se afastou de Deus. Ao invés de praticar o sexo segundo os padrões estabelecidos por Deus e de realizar o planejamento familiar, comete-se a monstruosa irresponsabilidade de matar vidas inocentes. Ergamos bem alto as nossas vozes para que a sociedade e os governantes ouçam um sonoro não ao aborto. Como povo de Deus, somos profetas de nosso dias.
Dalton S. Lima