quarta-feira, 20 de julho de 2016

PASTORES "PROBLEMÁTICOS"

      Muito comum ouvirmos relatos sobre pastores que geraram sérios problemas para suas igrejas, famílias, ou para outros pastores. Sabemos que a grande maioria dos pastores constitui-se de gente boa e séria, que sacrificou (e ainda sacrifica) necessidades e aspirações legítimas em prol da obediência ao seu chamado para ser ministro de Deus. Infelizmente, existem  pessoas que distorcem fatos e palavras, e propagam boatos falsos e maliciosos, causando terríveis estragos. Contudo, somos forçados a reconhecer, diante de evidências, que há relatos desses que são verdadeiros.
      Preocupados, procuramos estabelecer regras que coíbam tais casos. Nada contra regras sensatas e justas. Mas será que elas, por si mesmas, são capazes de resolver esse tipo de problema? Creio que não. Há uma dinâmica de interações sociais, e até mesmo fatores espirituais, que fogem ao controle das regras. Há também irmãos que vêm na autonomia das igrejas um empecilho para se lidar de maneira eficiente com problemas como esses, e até mesmo apresentam fatos e argumentos dignos de nossa consideração. Entretanto, a autonomia de nossas igrejas encontra boa fundamentação bíblica, e é um dos princípios mais caros aos batistas. Além disso, há denominações com elevado grau de centralização que enfrentam problemas semelhantes aos nossos, e até outros que não temos. Portanto, trata-se de um pensamento semelhante àquela ideia de “matar o boi para acabar com os carrapatos”.
      Mas a questão permanece: o que fazer para que existam menos pastores problemáticos, ou para que diminua a incidência de problemas causados por alguns pastores?

1. IGREJAS DEVEM DAR MAIS ATENÇÃO AO PREPARO DE SEUS VOCACIONADOS

      Há pastores que apresentam problemas no ministério porque não foram devidamente discipulados para se tornarem maduros. Paulo ensina que o pastor não deve ser um neófito, um imaturo, pois ele facilmente deixa-se levar pela soberba (I Timóteo 3:6).
      O preparo fundamental de um vocacionado deve acontecer em sua própria igreja, antes mesmo de tomar consciência de seu chamado, e também depois. Como qualquer outro cristão, ele precisa ser discipulado para Cristo e conforme os ensinamentos de Cristo. Deve ser ensinado, antes de tudo, a amar a Palavra de Deus, estudá-la e conhecer suas doutrinas. Precisa ser incentivado, apoiado (e corrigido, quando necessário) para que dê lugar à contínua ação do Espírito Santo em sua vida, de tal maneira a vivenciar os ensinamentos de Cristo. Em suma, a igreja precisa ajuda-lo a amadurecer espiritualmente e aperfeiçoar o seu caráter em todos os sentidos, e também a desenvolver fidelidade doutrinária.
      Ao ter convicção de seu chamado, o vocacionado precisa receber continuamente orientação mais específica por parte do pastor e dos líderes da igreja, de tal maneira que aprenda sobre as responsabilidades que o aguardam no ministério, e seja também preparado para o curso teológico. A igreja também deve observá-lo mais de perto, para constatar se seu caráter e sua conduta condizem com as características que a Bíblia apresenta a respeito de um ministro do Evangelho. Durante o seu curso teológico, tais cuidados devem prosseguir. Recomendar alguém para o seminário sem tais cuidados é temeridade.
      Portanto, grande parte da responsabilidade do preparo de um vocacionado recai sobre sua igreja. O discipulado é responsabilidade intransferível da igreja. Cabe a uma instituição de ensino teológico burilar o que a igreja já fez. Isto tudo não quer dizer que a igreja pode enviar seus vocacionados para qualquer seminário. Os líderes da igreja devem informar-se sobre as instituições de ensino teológico, e a igreja deve recomendar seus vocacionados para aquelas realmente compromissadas com a Palavra de Deus e com as nossas doutrinas, e que apresentem bom nível acadêmico e ambiente espiritual.

2. IGREJAS DEVEM TER MAIS CRITÉRIO AO CONSAGRAR ALGUÉM AO MINISTÉRIO

      Paulo ensinou que não devemos consagrar ninguém precipitadamente (I Timóteo 5:22). É uma grande responsabilidade para uma igreja promover a consagração ao ministério de alguma pessoa. É um erro pensar que um concílio de pastores tem condições de, em uma hora ou pouco mais, realizar uma completa avaliação se o candidato está apto ao ministério ou não, até porque o candidato pode faltar com a sinceridade em suas respostas. A função principal do concílio é testemunhar à denominação que o candidato possui as convicções pessoais e doutrinárias necessárias a um ministro. A responsabilidade maior de avaliar detidamente o candidato recai sobre sua igreja, que ao longo dos anos deve acompanhar sua conduta, suas convicções doutrinárias, e a qualidade de seu trabalho desenvolvido na igreja.
      Portanto, uma igreja não deve promover a consagração de um candidato ao ministério simplesmente porque ele concluiu, ou está cursando, um curso teológico, mas porque vê nele os dons espirituais e as qualidades necessárias ao exercício do ministério. Caso contrário, poderá estar cometendo a leviandade de entregar às igrejas batistas um indivíduo desqualificado para o ministério, que mais cedo ou mais tarde poderá apresentar problemas

3. SEMINÁRIOS PRECISAM INVESTIR MAIS NO ENSINO DOS ASPECTOS PRÁTICOS DO MINISTÉRIO E NA ÉTICA MINISTERIAL

      Deve fazer parte do preparo teológico do vocacionado a discussão de questões práticas do ministério, afim de ele seja preparado para lidar adequadamente com suas realidades. A ética cristã precisa ser ensinada com mais ênfase, de tal forma que os ministros estejam preparados para agir corretamente frente aos diversos dilemas encontrados ao longo do ministério, e estejam também atentos a determinadas armadilhas. Portanto, nossas instituições de preparo teológico precisam estar em sintonia com a nossa realidade ministerial, e esforçar-se mais em fornecer aos vocacionados esses parâmetros balizadores que lhes serão úteis no exercício do ministério.
      Apesar da maior responsabilidade no discipulado do vocacionado recair sobre a igreja, nossas instituições teológicas podem e devem procurar, na medida do possível suprir as falhas de algumas igrejas no preparo de seus vocacionados. Cria-se uma espécie de círculo vicioso quando um ministro imaturo assume uma igreja. Como ela terá condições de discipular seus vocacionados? Seminários podem ajudar muito a romper este círculo. Além da excelência acadêmica, devem oferecer o melhor ambiente moral e espiritual aos seus alunos, e adotar também uma linha de coerência doutrinária.

4. PASTORES PRECISAM CULTIVAR A HUMILDADE

      Como todos os outros crentes, o pastor precisa seguir o exemplo de humildade dado por Cristo (Filipenses 2:3-8). Sem humildade, nenhum pastor alcança verdadeiro êxito no ministério, pois “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (I Pedro 5:5).
      É necessário que nós pastores sejamos humildes para reconhecermos a nossa total dependência de Deus. Não são nossas qualidades como líderes e a nossa própria inteligência, por si sós, que levarão a bom termo o nosso ministério. Jesus declarou “sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). É o Espírito Santo quem nos capacita e dirige. Precisamos ser humildes e buscar esta dependência. E quando alcançarmos êxitos, devemos lembrar que devem ser creditados ao Senhor Jesus.
      Devemos ser humildes também para reconhecermos que precisamos cuidar de nós mesmos. Paulo recomendou a Timóteo que tivesse cuidado não só com o seu ensino, mas também consigo próprio (I Timóteo 4:16). O pastor precisa cuidar de sua saúde, de suas finanças, de sua vida familiar, e sobretudo de sua vida devocional.
      Pastores precisam de humildade para desenvolverem respeito mais profundo por suas igrejas. As igrejas pertencem a Cristo, não a nós, e haveremos de prestar contas a ele. Esta verdade deve despertar em nós grande senso de responsabilidade e muita humildade, de tal forma a desenvolvermos uma liderança verdadeiramente espiritual, ao invés de nos tornarmos dominadores de nossos rebanhos (I Pedro 5:1-3). Saberemos reconhecer nossos erros e corrigi-los, bem como reavaliar nossos pontos-de-vista que porventura possam estar em conflito com a igreja.
      Precisamos usar de humildade também ao exortarmos. Paulo orientou Timóteo a admoestar aos idosos como se fossem seus próprios pais, e aos mais jovens como a seus próprios irmãos (I Timóteo 5:1-2). Humildade, portanto, é uma das atitudes mais importantes para evitarmos ou resolvermos os conflitos interpessoais. Precisamos estar atentos para não nos deixarmos levar pelo orgulho, sempre avaliando, com a ajuda de Deus, nossos sentimentos e atitudes.

5. IGREJAS PRECISAM RECONHECER E AMAR SEUS PASTORES QUE SÃO FIÉIS À PALAVRA DE DEUS

      Se pastores imaturos criam problemas, ovelhas imaturas também criam. Há alguns crentes que fazem uma cobrança exagerada em relação aos seus pastores. Estão sempre dispostos a descobrir os defeitos do pastor, e se não descobrem, fabricam algum. Fazem oposição sistemática ao pastor. Atitudes assim entristecem e desestimulam o pastor, e contribuem para o surgimento ou agravamento de situações de crise na igreja.
      A Bíblia ensina que uma igreja precisa reconhecer, estimar e amar seus pastores. Paulo apresenta como motivo a obra que realizam, inclusive presidindo as igrejas e admoestando seus membros (I Tessalonicenses 5:12-13). Ele conclui sua orientação recomendando que a igreja viva em paz. Isto significa que, quando a igreja sabe valorizar, respeitar e amar um pastor dedicado ao ministério e fiel à Palavra de Deus, muitos problemas podem ser evitados ou solucionados corretamente, de tal maneira que a igreja vive em paz.
      Os membros das igrejas precisam entender que nós, pastores, mesmo sendo vocacionados e capacitados pelo Espírito Santo, somos humanos e às vezes falhamos. Nessas ocasiões, os crentes precisam usar compreensão e diálogo com o pastor. Afinal de contas, não são estas atitudes que também esperam do pastor em relação aos outros membros? E mesmo em raras ocasiões em que são realmente necessárias medidas extremas, os membros da igreja precisam agir com amor, respeito, honestidade e correção.

Conclusão

      Devido à nossa natureza humana, problemas sempre existirão, tanto da parte de alguns pastores, como da parte de alguns membros das igrejas. Contudo, podemos e devemos minimiza-los, pois somos discípulos procurando reproduzir o caráter do Mestre. Nossas imperfeições e fragilidades não devem servir de desculpas para a acomodação, mas de incentivo para a busca da maturidade, como indivíduos, e também de nossas igrejas e instituições.
      Christian A. Schwars afirmou em seu livro Desenvolvimento Natural da Igreja que, sob a direção do Espírito Santo, uma igreja cresce naturalmente. É só os membros não atrapalharem. Que tragédia quando um pastor torna-se um “atrapalhador” da igreja! O apóstolo Paulo ensinou que somos cooperadores da obra de Deus (I Coríntios 3:9). Nós, pastores, temos a responsabilidade de sermos facilitadores da obra do Espírito Santo nas igrejas. Com temor e tremor, apropriemo-nos diariamente da graça de Deus, para que ao final de nossas vidas possamos fazer nossas as palavras de um grande pastor vitorioso: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (II Timóteo 4:7).
Dalton de Souza Lima

terça-feira, 19 de julho de 2016

IDEOLOGIA DE GÊNERO: UMA DESCONSTRUÇÃO DA VERDADEIRA SEXUALIDADE

       A pretexto de combater a homofobia, preconceito e violência, a militância gay de esquerda tenta implantar nas escolas a ideologia de gênero. Esta ideologia afirma que, embora existam somente dois sexos, existem vários gêneros. Alguns desses gêneros: heterossexual, homossexual, travesti, bissexual, pansexual e transexual (alguns adeptos desta ideologia chegam a identificar 33 gêneros). A ideologia de gênero também afirma que a cultura é que impõe ao indivíduo o papel de seu sexo, e portanto, o seu gênero, e que a criança, ao longo de seu desenvolvimento, é quem deve escolher livremente qual o seu gênero.
        Como prática nas escolas propõem a supressão de influências que possam determinar nas crianças a opção heterossexual, e propõem também o ensino às crianças sobre a possibilidade de optarem pelos outros gêneros. O tratamento por menino ou menina deve ser substituído pelo tratamento único de “criança”. Professores deverão ensinar as crianças que não existem papéis femininos ou masculinos definidos, e que elas podem escolher qualquer gênero. A ideologia de gênero já é oficialmente adotada pela ONU e pela Comunidade Europeia.
      Não há bases verdadeiramente científicas para esta ideologia. Ela nasceu de afirmativas de filósofos e ativistas, e que nunca alcançaram o respaldo de comprovações científicas. Rafael Solano afirma que trata-se mais de uma agenda política de desconstrução da individualidade e consequente facilitação de manipulação das massas (Solano, Rafael. Ideologia de Gênero e a Crise da Identidade Sexual. Cachoeira Paulista, SP, Canção Nova Editora. 2016).
        A ideologia de gêneros opõe-se ao que Deus criou e estabeleceu, e, portanto, é pecaminosa e destrutiva. Deus criou o ser humano com somente dois sexos, determinados biologicamente. Portanto, só existem dois gêneros: masculino e feminino. É inegável que a cultura exerce influência no papel social atribuído a cada um dos dois sexos, mas não os determina, de forma alguma. Portanto, afirmar que existem vários gêneros e que o indivíduo deve escolher o seu contraria o que Deus fez e determinou para o ser humano. Quem assim procede acarreta para si consequências destrutivas. Ilude-se com o que julga ser uma opção libertadora, mas que é, na realidade, uma violência à sua própria natureza e uma rebelião contra Deus. A homossexualidade não é uma condição natural ao ser humano, mas um desvio em grande parte causado por fatores externos ao indivíduo. O indivíduo nesta condição precisa voltar-se para Deus e procurar ajuda pra retornar à sexualidade originalmente criada por Deus.
       A ideologia de gêneros contribui para a destruição da Família e retira dela a prerrogativa de educar os seus filhos. Segundo muitos seguidores desta ideologia, até mesmo a influência da família deve ser eliminada na escolha individual do gênero, pois ela também seria uma forma de interferência cultural. Alguns chegam a afirmar que o núcleo familiar deve dar lugar a outras formas básicas de relacionamento social e afetivo. Entretanto, as próprias disciplinas científicas demonstram como a família é a base do desenvolvimento humano saudável. Na grande maioria das culturas, em todas as épocas, a família figura como instituição fundamental, não só à reprodução, como também à educação e desenvolvimento saudável dos indivíduos. A família não pode ser desprezada nem destruída. Nem o estado ou a escola podem assumir para si o papel da primazia na orientação das crianças. Esta atribuição é responsabilidade e privilégio das famílias.
             A ideologia de gênero prejudica o desenvolvimento sadio da criança. A  sexualidade masculina ou feminina é natural ao desenvolvimento da criança. E ela necessita de referenciais, que ela desenvolve não só em função de sua constituição biológica, mas também por meio da identificação com os adultos. Ora, querer privar a criança dos referenciais naturais ao desenvolvimento de um aspecto tão importante de sua identidade é algo muito destrutivo, podendo ocasionar terríveis prejuízos ao indivíduo. É uma irresponsabilidade inominável querer submeter vidas preciosas em desenvolvimento à condição de cobaias de um experimento social apregoado por uma militância míope que se traveste de movimento intelectual “do bem”.
             Na sua falta de argumentos, os adeptos da ideologia de gênero tentam impingir aos contrários a pecha de homofóbicos. Não devemos aceitar isto e tão pouco nos intimidar. Homofobia constitui-se em negar ao homossexual os seus direitos de cidadão, e em sua forma mais extrema, em negar-lhe o direito a vida. Este não é, de maneira alguma, o nosso caso. É direito nosso expressar nossa opinião de que o homossexualismo é uma condição contrária ao que Deus planejou, e portanto, é nocivo, e de que o homossexual prestará contas disto a Deus. Cremos que o ser humano é livre para escolher, mas responsável pelas consequências de suas escolhas. Cremos também que as escolhas pessoais não devem ser impostas aos demais, e a ideologia de gênero propõe uma agenda oportuna à indução de crianças ao homossexualismo. 
      A fim de legitimar-se, a ideologia de gênero tenta “pegar carona” em causas verdadeiras, como o combate ao racismo e à violência contra a mulher. Mas não é por meio da ideologia de gênero que erradicaremos preconceitos e violência, mas sim por meio da prática real dos valores do Reino de Deus ensinados na Bíblia. E para isto é necessária a transformação espiritual de cada pessoa por meio da fé incondicional no Senhor Jesus Cristo. Nosso papel como cristãos autênticos é a proclamação do Evangelho e a vivência destes valores. Como  sal da terra e luz do mundo devemos também usar de todos os meios lícitos e éticos, coerentes com a nossa fé, para impedirmos que ideologias e agendas como esta sejam implantadas em nossa sociedade.
Dalton S. Lima

quarta-feira, 13 de julho de 2016

DIÁLOGO TEM LIMITES

            Como fruto de desdobramentos filosóficos e culturais, valorizamos o diálogo como fonte de conhecimento e de soluções. A princípio o diálogo é algo benéfico e saudável. Ele ocorre quando há duas partes sinceramente desejosas de se ouvirem mutuamente. Ambas ouvem e falam, ambas refletem no que ouviram. Há necessidade de boa vontade entre ambas as partes. Os objetivos do diálogo podem ser o consenso ou o aprendizado. Entretanto, há limites para o diálogo. Para que dialogar quando não há nada a aprender com o erro ou consenso algum a estabelecer (II Timóteo 3:14, II Coríntios 6:14-18)? O diálogo não pode ser supervalorizado e justificado em todas as circunstâncias. Se uma das partes está mal intencionada ou obstinadamente equivocada, o diálogo fica totalmente comprometido e é inútil ou até pernicioso.
            Assim, nem sempre o diálogo é desejável ou útil. Eva dialogou com a Serpente e pecou. Ela era astuta e seu propósito era leva-la a desobedecer a Deus (Gênesis 3:1-6). Ló tentou dialogar com os perversos habitantes de Sodoma chamando-os à razão e quase foi destruído (Gênesis 19:1-11). Os homens de Israel dialogaram com as mulheres moabitas e com elas pecaram, e provocaram a ira de Deus (Números 25). Neemias liderava a reconstrução dos muros de Jerusalém quando foi convidado para um diálogo com os inimigos Sambalate e Tobias. Respondeu que não iria, pois estava ocupado fazendo uma grande obra (Neemias 1:4).
            Há limites para o diálogo. O Livro de Provérbios contém advertências sobre a tentativa de dialogar com tolos (Provérbios 23:9, 26:8). Jesus afirmou que não devemos lançar pérolas a porcos (Mateus 7:6). Paulo ensinou que o homem faccioso e que despreza a doutrina deve ser exortado e depois evitado, e não ouvido em pé de igualdade em um diálogo (Tito 3:10-11, Romanos 16:17-18).
        Poder-se-ia retrucar a tudo isto questionando: Mas Jesus não dialogou com os pecadores e até mesmo com seus opositores? Jesus dialogou sim, com pecadores dispostos a ouvi-lo, e na posição de Mestre, para ensinar-lhes a necessidade de arrependimento dos pecados e confiança na misericórdia de Deus para salvação, revelando-se a eles como o Salvador prometido. Nunca vemos nos evangelhos Jesus parando para ouvir argumentos em favor do pecado. Quanto aos seus opositores,  quando procurado e acusado por eles, Jesus demonstrava a hipocrisia e obstinação deles, denunciando o seu pecado. Creio que isto não representa o tipo de diálogo que apregoam os “politicamente corretos” e muitos adeptos de teologias neoliberais.
              Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, só podemos dialogar com aqueles que estejam realmente dispostos a ouvi-la. Quem está consciente do que ela representa e a despreza ou a distorce não vai dialogar, mas tentar nos impingir seu ponto de vista pervertido. No mínimo, trata-se de perder tempo e, pior ainda, prestigiar um apóstata dando-lhe oportunidade para que ele sutilmente propague suas ideias  (Colossenses 3:8). 
Devemos dialogar com pecadores que também estejam dispostos a ouvir. E como Jesus fez: com amor, mas com o objetivo de ensinar-lhes o caminho da salvação. Certamente devemos ouvir e responder seus questionamentos, mas nunca para aceitar as suas justificativas para o pecado.
            Nossa regra de fé e prática é a Bíblia. Não podemos relativizá-la em hipótese alguma, nem mesmo em nome de um falso diálogo. Devemos amar, porém sem sacrificar a verdade (Efésios 4:15). A nós foi confiada a missão de sermos “coluna e firmeza da verdade” (I Timóteo 3:15). Temos a grande responsabilidade diante de Deus  de levar ao mundo tão carente a sua verdade,  e não de dialogar para ouvir o seu engano. Não nos deixemos levar pelas armadilhas do falso diálogo. Façamos como Neemias: recusemos o diálogo inútil e perigoso, pois estamos fazendo uma grande obra. Porque iríamos parar?

Dalton S. Lima

sábado, 9 de julho de 2016

SUPERFICIALIDADE GOSPEL

     Recentemente a mídia noticiou fatos lamentáveis sobre um homem que se diz pastor de uma dessas “igrejas neo”, e que protagoniza uma verdadeira tragédia em sua família. Sua esposa, uma cantora “gospel”, expôs o caso nas redes sociais. Pastores que estão na moda apressaram-se em opinar. Para meu espanto, descobri um universo de sites e blogs “gospels” alimentando a fofoca, pois são especializados nisto! Fiquei triste ao constatar a superficialidade vazia desta geração “gospel” que gosta de frequentar as igrejas “casas de show”, de seguir os astros e estrelas do mundo “gospel” nas redes sociais, e alimenta-se das fofocas e polêmicas em torno deles. Uma geração que se resume a astros e estrelas e seus fãs. Será que o cristianismo hoje se reduz a isto?
      O Senhor Jesus  Cristo não buscou fãs, mas discípulos comprometidos. Ensinou-nos a nos alimentarmos de sua Palavra, e não da fofoca gospel. A Bíblia ensina que Igreja é comunhão dos salvos como corpo de Cristo, e  não casa de show ou clínica de autoajuda. Também nos ensina a não nos apressarmos em julgar ninguém, mas lembrarmos da nossa própria fragilidade e tomarmos cuidado para não cairmos.
         Lembremos que temos compromisso com o Senhor Jesus Cristo. Fujamos de toda essa superficialidade e mundanismo. Que todo o nosso ser seja envolvido pela profundidade do amor de Cristo, de tal maneira que possamos pensar, falar e agir de maneira coerente com a Bíblia.

Dalton S. Lima