Por ocasião do Dia Internacional
da Mulher em 8 de março de 2017, o Presidente da República Michel Temmer foi
criticado pela mídia e pelo movimento feminista por afirmar que a
mulher é fundamental à felicidade do lar. Isto é somente um dos
indicativos do objetivo do atual movimento feminista de
desfamiliarizar a mulher, e neste processo, vilanizar o sexo
masculino.
É importante fazer distinção entre o
atual movimento feminista, e os movimentos do século XIX e primeiras
décadas do século XX que lutaram pelos direitos das mulheres, como
o de votar e o de igualdade salarial com os homens. O atual movimento
feminista está impregnado pela dialética simplista do marxismo, que
divide a sociedade entre oprimidos e opressores e propõe a luta de
classes. Segundo a ótica feminista, a mulher é a oprimida, e o
homem o opressor. É difícil precisar quem imprimiu ao movimento os
conceitos marxistas, mas Simone de Beauvoir e as autoras feministas
que se seguiram apontam nesta direção.
O feminismo atual falha com a verdade
ao vilanizar o homem
Repudiamos toda forma de agressão e
injustiça, e é inegável que, devido à distorções
sócio-culturais, ao longo da história as mulheres foram vítimas de
opressão e violência.
Entretanto, o passado não
justifica uma generalização simplista quanto ao sexo masculino e
nem a supressão do importante papel familiar da mulher. Embora ainda
existam distorções e comportamentos a serem corrigidos, a mulher
ocidental vive uma situação bem mais favorável, com leis que
asseguram sua proteção e seus direitos. Contudo, as empresas
midiáticas têm nos apresentado artigos, entrevistas e reportagens
que vitimizam exageradamente o sexo feminino e vilanizam o sexo
masculino, conclamando as mulheres a aderirem à luta do movimento
feminista.
Este processo em curso de
desfamiliarização da mulher e vilanização dos homens,
colocando-os em posições antagônicas, contribui para o
enfraquecimento da família e da sociedade. Assim, aumentam os males
que o próprio feminismo afirma combater. Por exemplo: no mencionado dia
internacional da mulher os telejornais divulgaram que nos últimos
dez anos aumentaram os índices de violência contra a mulher no
Brasil. Contudo, durante esse período, e também nos anos que o
antecederam, houve maciça incorporação dos valores feministas ao
ideário ético do “politicamente correto”, e ampla divulgação
destes valores pela mídia. Porque então esta forma de violência,
bem como todas as outras, aumentou em
vez de diminuir? Tudo isto coincide
com o enfraquecimento da família, dos valores morais, e do temor a
Deus que tem acontecido de forma avassaladora nos últimos anos.
Coincide também com as empresas midiáticas expondo a violência de
forma banalizadora, e erotizando exageradamente a nossa sociedade.
Toda forma de violência é deplorável e condenável, mas também é
malicioso focar de maneira distorcida exclusivamente a violência
contra a mulher, esquecendo-se do contexto maior em que ela se
insere, fazendo dela instrumento para uma agenda ideológica, e
deixando de enxergar e combater as verdadeiras causas.
O discurso do movimento feminista
apresenta a mulher como permanentemente oprimida e desrespeitada
pelos homens. Ativistas deste movimento são hábeis em brandir
estatísticas para provar seu ponto de vista. Contudo, sua exatidão
depende de vários parâmetros, e também de estudos comparativos com
outras estatísticas. Acontece, portanto, uma generalização
perigosa, em que a maioria dos homens é apresentada como homens
violentos e sem afeto, prontos a usar as mulheres sem escrúpulo
algum desrespeitando todos os seus direitos. Tal movimento apresenta
de maneira sutil
a ideia de que o indivíduo possui virtudes pelo simples fato de ser
oprimido (subjaz na base dos atuais movimentos feministas este e
outros conceitos do velho corolário marxista). Porém as virtudes de
um indivíduo independem de sua condição social, cor ou sexo, mas
sim de seu caráter que se expressa em sua maneira de agir. Ao
realizar esta perversa generalização das virtudes da mulher e da
maldade do homem, o movimento feminista está indo longe demais em
seu maniqueísmo simplista resultante da dialética marxista de
opressores e oprimidos.
O feminismo mantém a mulher oprimida
ao desfamiliarizá-la
Quanto à libertação da mulher de sua
condição de oprimida, o movimento feminista vai a extremos
tremendamente preconceituosos e destrutivos. Muitas teóricas do
movimento feminista (como Simone de Beauvoir e Kate Millet) sugerem
que a mulher precisa libertar-se de seu papel de esposa e mãe, e
exercer sua sexualidade livremente, dentro e fora do casamento, com
os parceiros ou parceiras que desejar. Ou seja, a mulher precisa
libertar-se também de seu papel na família e de sua fidelidade
conjugal. Tais propostas fundamentam-se, em última análise, nos
postulados marxistas que tanto influenciaram o feminismo atual. Em
seu livro “Origem da Família, Propriedade e Estado” Marx e
Engels apresentam a família como instituição burguesa, fruto do
desejo de perpetuação da posse de bens aos descentes. Neste livro,
ambos os grandes teóricos da esquerda abraçam a teoria de que,
antes do surgimento da família, os humanos viviam em bandos onde
tudo era coletivo, inclusive o sexo e a criação dos filhos.
Portanto, para o marxismo homens e mulheres são livres para
relacionarem-se sexualmente como desejarem, e a função de ambos é
trabalhar para atender as necessidades da sociedade. As crianças
devem ser supridas e educadas pelo estado.
Assim influenciado pelo
marxismo, o feminismo prega a desfamiliarização da mulher: Ela deve
relegar seus laços e responsabilidades familiares, ao mesmo tempo em
que exerce sua “liberdade” sexual. É importante ressaltar que o
feminismo afirma que a mulher não deve sujeitar-se à posição de
objeto sexual, mas ao mesmo tempo incentiva-a a lançar-se às
aventuras sexuais como expressão de liberdade. Embora escolha seus
parceiros sexuais, a mulher feminista continua presa a uma condição
sexista ao servir a desejos aventurescos e irresponsáveis, não só
de si mesma como também de outros. No fim das contas, sob a alegação
de resolver o problema da opressão e do desrespeito, o feminismo
nega à mulher sua realização familiar e acentua sua condição de
objeto sexual.
A Bíblia afirma a dignidade da mulher,
do homem, e da família, e contém a resposta para relacionamentos
saudáveis.
O que a Bíblia ensina sobre tudo isto?
Nos meios acadêmicos é propalada a afirmação infundada de que a
tradição judaico-cristã é responsável pelos males do ocidente.
Isto não é verdade. Poucos dos que sustentam esta afirmação
conhecem a Bíblia e a história suficientemente para tentar
fundamentar uma argumentação consistente a favor desta tese
falaciosa. O pouco que conhecem é de “segunda mão” e sob a
ótica do marxismo cultural. Por isso frequentemente encontrarmos
exposições de preconceitos sobre esta questão. Na verdade, muitas
distorções éticas e comportamentais legadas ao ocidente pela
civilização greco-romana foram corrigidas pelos princípios da
Bíblia. No que diz respeito à condição da mulher, houve grande
contribuição do cristianismo. Por exemplo, a mulher não precisava
ser amada e estimada pelo marido na cultura greco-romana. O homem
possuía liberdade e oportunidades de realização, enquanto a mulher
era literalmente sua propriedade. O apóstolo Paulo ensinou que os
maridos deveriam amar suas esposas como Cristo amou a igreja,
sacrificando-se por elas (Carta de Paulo aos Efésios, capítulo 5
versos 22 a 33). Hoje isto pode soar como óbvio, mas naquele
contexto foi totalmente revolucionário, e mostrou aos homens a
grande importância da mulher. Portanto, creio que é extremamente
benfazejo atentar para o que a Bíblia apresenta sobre os dois sexos,
seu papel e o seu relacionamento. Muitos alegam que, no mesmo texto,
Paulo ordena a submissão da mulher ao homem, evidenciando a irrelevância da Bíblia para o contexto contemporâneo. Mas uma
leitura atenta do texto citado e de outros textos bíblicos
demonstram o seguinte: 1) A ordem é de submissão ao marido, não a
todos os homens. 2) Não é uma forma de submissão cega e indigna,
mas trata-se de respeitar um líder no lar que exerce a liderança priorizando
o bem-estar da esposa e filhos, conforme a Bíblia deixa bem claro.
3) Tal forma de liderança inclui diálogo e entendimento (Amós
3:3). O princípio da liderança está presente em todas as
instituições sociais. Porque não estaria presente no lar? A
Bíblia, portanto, afirma princípios essenciais ao relacionamento
harmonioso entre os dois sexos, que transcendem épocas e culturas.
Ela afirma a dignidade da mulher, condena a violência, afirma
sexualidade digna e responsável para o homem e a mulher, exercida
somente no casamento. Seu ensinamento é que homem e mulher devem
completar-se, e não concorrer entre si.
A sociedade precisa entender e aceitar que
a mensagem da Bíblia é o verdadeiro agente transformador para
alcançarmos relacionamentos saudáveis. Ela revela que os
relacionamentos são imperfeitos e muitas vezes fracassam por causa
da natureza egocêntrica do ser humano, corrompida pelo pecado. Tal
egocentrismo resultante do pecado corrompe também as instituições
e estruturas sociais. Somente uma transformação total na natureza
dos indivíduos, que os torne em altruístas, voltados para Deus e
para o próximo, pode resultar em relacionamentos saudáveis. A
Bíblia ensina que tal transformação é operada por Deus mediante o
arrependimento dos pecados e a fé em Cristo. Milhões de pessoas têm
experimentado vidas e relacionamentos restaurados e felizes ao
decidirem praticar os ensinamentos da Bíblia.
Propostas humanas nunca trarão real
felicidade. O atual ideário ético do “politicamente correto”
está repleto de erros e distorções, como as propostas do feminismo
marxista. A solução é voltar-se para a sabedoria de Deus, nosso
Criador, e para a fé em Cristo, ensinados na Bíblia.
Dalton S. Lima