terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A DESFAMILIARIZAÇÃO DA MULHER E A VILANIZAÇÃO DO HOMEM

        Por ocasião do Dia Internacional da Mulher em 8 de março de 2017, o Presidente da República Michel Temmer foi criticado pela mídia e pelo movimento feminista por afirmar que a mulher é fundamental à felicidade do lar. Isto é somente um dos indicativos do objetivo do atual movimento feminista de desfamiliarizar a mulher, e neste processo, vilanizar o sexo masculino.
        É importante fazer distinção entre o atual movimento feminista, e os movimentos do século XIX e primeiras décadas do século XX que lutaram pelos direitos das mulheres, como o de votar e o de igualdade salarial com os homens. O atual movimento feminista está impregnado pela dialética simplista do marxismo, que divide a sociedade entre oprimidos e opressores e propõe a luta de classes. Segundo a ótica feminista, a mulher é a oprimida, e o homem o opressor. É difícil precisar quem imprimiu ao movimento os conceitos marxistas, mas Simone de Beauvoir e as autoras feministas que se seguiram apontam nesta direção.

O feminismo atual falha com a verdade ao vilanizar o homem
        Repudiamos toda forma de agressão e injustiça, e é inegável que, devido à distorções sócio-culturais, ao longo da história as mulheres foram vítimas de opressão e violência. Entretanto, o passado não justifica uma generalização simplista quanto ao sexo masculino e nem a supressão do importante papel familiar da mulher. Embora ainda existam distorções e comportamentos a serem corrigidos, a mulher ocidental vive uma situação bem mais favorável, com leis que asseguram sua proteção e seus direitos. Contudo, as empresas midiáticas têm nos apresentado artigos, entrevistas e reportagens que vitimizam exageradamente o sexo feminino e vilanizam o sexo masculino, conclamando as mulheres a aderirem à luta do movimento feminista.
        Este processo em curso de desfamiliarização da mulher e vilanização dos homens, colocando-os em posições antagônicas, contribui para o enfraquecimento da família e da sociedade. Assim, aumentam os males que o próprio feminismo afirma combater. Por exemplo: no mencionado dia internacional da mulher os telejornais divulgaram que nos últimos dez anos aumentaram os índices de violência contra a mulher no Brasil. Contudo, durante esse período, e também nos anos que o antecederam, houve maciça incorporação dos valores feministas ao ideário ético do “politicamente correto”, e ampla divulgação destes valores pela mídia. Porque então esta forma de violência, bem como todas as outras, aumentou em vez de diminuir? Tudo isto coincide com o enfraquecimento da família, dos valores morais, e do temor a Deus que tem acontecido de forma avassaladora nos últimos anos. Coincide também com as empresas midiáticas expondo a violência de forma banalizadora, e erotizando exageradamente a nossa sociedade. Toda forma de violência é deplorável e condenável, mas também é malicioso focar de maneira distorcida exclusivamente a violência contra a mulher, esquecendo-se do contexto maior em que ela se insere, fazendo dela instrumento para uma agenda ideológica, e deixando de enxergar e combater as verdadeiras causas.
        O discurso do movimento feminista apresenta a mulher como permanentemente oprimida e desrespeitada pelos homens. Ativistas deste movimento são hábeis em brandir estatísticas para provar seu ponto de vista. Contudo, sua exatidão depende de vários parâmetros, e também de estudos comparativos com outras estatísticas. Acontece, portanto, uma generalização perigosa, em que a maioria dos homens é apresentada como homens violentos e sem afeto, prontos a usar as mulheres sem escrúpulo algum desrespeitando todos os seus direitos. Tal movimento apresenta de maneira sutil a ideia de que o indivíduo possui virtudes pelo simples fato de ser oprimido (subjaz na base dos atuais movimentos feministas este e outros conceitos do velho corolário marxista). Porém as virtudes de um indivíduo independem de sua condição social, cor ou sexo, mas sim de seu caráter que se expressa em sua maneira de agir. Ao realizar esta perversa generalização das virtudes da mulher e da maldade do homem, o movimento feminista está indo longe demais em seu maniqueísmo simplista resultante da dialética marxista de opressores e oprimidos.

O feminismo mantém a mulher oprimida ao desfamiliarizá-la
        Quanto à libertação da mulher de sua condição de oprimida, o movimento feminista vai a extremos tremendamente preconceituosos e destrutivos. Muitas teóricas do movimento feminista (como Simone de Beauvoir e Kate Millet) sugerem que a mulher precisa libertar-se de seu papel de esposa e mãe, e exercer sua sexualidade livremente, dentro e fora do casamento, com os parceiros ou parceiras que desejar. Ou seja, a mulher precisa libertar-se também de seu papel na família e de sua fidelidade conjugal. Tais propostas fundamentam-se, em última análise, nos postulados marxistas que tanto influenciaram o feminismo atual. Em seu livro “Origem da Família, Propriedade e Estado” Marx e Engels apresentam a família como instituição burguesa, fruto do desejo de perpetuação da posse de bens aos descentes. Neste livro, ambos os grandes teóricos da esquerda abraçam a teoria de que, antes do surgimento da família, os humanos viviam em bandos onde tudo era coletivo, inclusive o sexo e a criação dos filhos. Portanto, para o marxismo homens e mulheres são livres para relacionarem-se sexualmente como desejarem, e a função de ambos é trabalhar para atender as necessidades da sociedade. As crianças devem ser supridas e educadas pelo estado.
        Assim influenciado pelo marxismo, o feminismo prega a desfamiliarização da mulher: Ela deve relegar seus laços e responsabilidades familiares, ao mesmo tempo em que exerce sua “liberdade” sexual. É importante ressaltar que o feminismo afirma que a mulher não deve sujeitar-se à posição de objeto sexual, mas ao mesmo tempo incentiva-a a lançar-se às aventuras sexuais como expressão de liberdade. Embora escolha seus parceiros sexuais, a mulher feminista continua presa a uma condição sexista ao servir a desejos aventurescos e irresponsáveis, não só de si mesma como também de outros. No fim das contas, sob a alegação de resolver o problema da opressão e do desrespeito, o feminismo nega à mulher sua realização familiar e acentua sua condição de objeto sexual.

A Bíblia afirma a dignidade da mulher, do homem, e da família, e contém a resposta para relacionamentos saudáveis.
        O que a Bíblia ensina sobre tudo isto? Nos meios acadêmicos é propalada a afirmação infundada de que a tradição judaico-cristã é responsável pelos males do ocidente. Isto não é verdade. Poucos dos que sustentam esta afirmação conhecem a Bíblia e a história suficientemente para tentar fundamentar uma argumentação consistente a favor desta tese falaciosa. O pouco que conhecem é de “segunda mão” e sob a ótica do marxismo cultural. Por isso frequentemente encontrarmos exposições de preconceitos sobre esta questão. Na verdade, muitas distorções éticas e comportamentais legadas ao ocidente pela civilização greco-romana foram corrigidas pelos princípios da Bíblia. No que diz respeito à condição da mulher, houve grande contribuição do cristianismo. Por exemplo, a mulher não precisava ser amada e estimada pelo marido na cultura greco-romana. O homem possuía liberdade e oportunidades de realização, enquanto a mulher era literalmente sua propriedade. O apóstolo Paulo ensinou que os maridos deveriam amar suas esposas como Cristo amou a igreja, sacrificando-se por elas (Carta de Paulo aos Efésios, capítulo 5 versos 22 a 33). Hoje isto pode soar como óbvio, mas naquele contexto foi totalmente revolucionário, e mostrou aos homens a grande importância da mulher. Portanto, creio que é extremamente benfazejo atentar para o que a Bíblia apresenta sobre os dois sexos, seu papel e o seu relacionamento. Muitos alegam que, no mesmo texto, Paulo ordena a submissão da mulher ao homem, evidenciando a irrelevância da Bíblia para o contexto contemporâneo. Mas uma leitura atenta do texto citado e de outros textos bíblicos demonstram o seguinte: 1) A ordem é de submissão ao marido, não a todos os homens. 2) Não é uma forma de submissão cega e indigna, mas trata-se de respeitar um líder no lar que exerce a liderança priorizando o bem-estar da esposa e filhos, conforme a Bíblia deixa bem claro. 3) Tal forma de liderança inclui diálogo e entendimento (Amós 3:3). O princípio da liderança está presente em todas as instituições sociais. Porque não estaria presente no lar? A Bíblia, portanto, afirma princípios essenciais ao relacionamento harmonioso entre os dois sexos, que transcendem épocas e culturas. Ela afirma a dignidade da mulher, condena a violência, afirma sexualidade digna e responsável para o homem e a mulher, exercida somente no casamento. Seu ensinamento é que homem e mulher devem completar-se, e não concorrer entre si.
        A sociedade precisa entender e aceitar que a mensagem da Bíblia é o verdadeiro agente transformador para alcançarmos relacionamentos saudáveis. Ela revela que os relacionamentos são imperfeitos e muitas vezes fracassam por causa da natureza egocêntrica do ser humano, corrompida pelo pecado. Tal egocentrismo resultante do pecado corrompe também as instituições e estruturas sociais. Somente uma transformação total na natureza dos indivíduos, que os torne em altruístas, voltados para Deus e para o próximo, pode resultar em relacionamentos saudáveis. A Bíblia ensina que tal transformação é operada por Deus mediante o arrependimento dos pecados e a fé em Cristo. Milhões de pessoas têm experimentado vidas e relacionamentos restaurados e felizes ao decidirem praticar os ensinamentos da Bíblia.
        Propostas humanas nunca trarão real felicidade. O atual ideário ético do “politicamente correto” está repleto de erros e distorções, como as propostas do feminismo marxista. A solução é voltar-se para a sabedoria de Deus, nosso Criador, e para a fé em Cristo, ensinados na Bíblia.
Dalton S. Lima