quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

COMPETINDO COM AS GIGANTES

Algumas igrejas têm apresentado um crescimento muito grande e rápido, e em seguida passam a estabelecer uma rede de igrejas filiais. Muitos líderes de outras igrejas ficam fascinados e querem reproduzir o mesmo fenômeno em suas igrejas. Mas é como competir com gigantes. Essas igrejas já estão estabelecidas e atraindo o mesmo público que os outros líderes desejam atrair. Apesar disso, eles procuram então aprender e seguir o modelo de crescimento dessas igrejas. Na realidade, para alcançar tal crescimento, não importa muito o modelo eclesiástico ou método evangelístico, mas sim estratégias empresariais e de marketing religioso. Se quer competir e igualar-se às igrejas gigantes, eis alguns princípios e estratégias:

1. Sua igreja deve crescer atraindo membros de outras igrejas. É mais rápido que dedicar-se à evangelização.
2. Concentre-se em descobrir as insatisfações e desejos dos membros das outras igrejas. Procure oferecer as "soluções" em sua igreja.
3. A divulgação da sua igreja é muito importante. Sua imagem precisa ter algum diferencial que atraia. O marketing precisa ser muito bem feito. Se possível, contrate uma agência de publicidade. Faça propaganda da igreja pela Internet, mas o melhor mesmo é um programa na TV. A inauguração deve contar com cantores famosos e contar com divulgação maciça, se possível em outdoors.
4. Comece grande. Os crentes imaturos, que são os que mudam de igreja mais facilmente, são atraídos por coisas grandiosas. Providencie um local grande, com estacionamento fácil, e contrate um arquiteto para fazer uma bela fachada.
5. Ofereça cultos bem lúdicos, divertidos, e emocionantes para atrair as pessoas. Faça verdadeiros shows: muitas cores e luzes, som alto, com música emocionante. Contrate músicos, iluminadores e operadores de som profissionais. Cultive uma atmosfera "espiritual" em seus cultos com orações emocionadas e testemunhos emocionantes. Daqueles testemunhos em que Deus não está no centro nem é glorificado, mas o depoente sofreu muito ou fez algo extraordinário. Melhor ainda se o testemunho destacar como sua igreja foi decisiva para sua vida melhorar.
6. A pregação também deve ser divertida. O pregador deve aparentar espiritualidade e humildade piegas, e ser carismático. Deve apresentar ideias interessantes, surpreender com piadas inteligentes e engraçadas, e, sobretudo, saber emocionar as pessoas. Deve enfatizar somente o amor de Deus, mas sem falar da sua justiça e da necessidade de arrependimento. Explicar a Bíblia com fidelidade não é importante. O importante é entreter e cativar as pessoas manipulando suas emoções.
7. Fidelidade doutrinária deve ser deixada de lado. Isso atrapalha o processo de atrair novos membros. Sua igreja deve acolher e tolerar todo tipo de doutrina.
8. Não pense duas vezes para batizar quem quer que seja. Mesmo que a pessoa não apresente convicção de sua conversão ou frutos que a comprovem, batize assim mesmo. Esqueça essa estória de colocar a pessoa na Escola Bíblica para aprender sobre Jesus e salvação. Aliás, esqueça esse negócio de Escola Bíblica Dominical.
9. Consiga ou invente alguma “estratégia discipuladora” divertida e superficial, que ofereça espaço para os que gostam de ensinar ou exercer liderança sem o devido preparo e maturidade, e também para os que querem aparecer. Tais estratégias são úteis para o marketing da igreja.
10. Ofereça funções que tragam destaque e satisfação para as pessoas que você mais precisa para dar dinheiro a igreja. Mas cuidado: devem ser funções que não exijam compromisso. Imaturos não querem se comprometer, mas satisfazerem-se. O que for realmente importante, pague especialistas para fazerem.
11. Estimule os membros de sua igreja a convidarem os membros de suas igrejas de origem.
12. Dê um jeito de conseguir muito dinheiro para começar, pois tudo isso custa muito caro. Faça uma lista de crentes endinheirados de outras igrejas e vá atrás deles, pegue empréstimo em algum banco, venda seu carro e sua casa, peça dinheiro emprestado a algum parente rico, ou tudo isso junto. Depois de iniciada a igreja, identifique os membros mais abastados e faça tudo para mantê-los na igreja e atrair outros membros abastados.
13. O nome “batista” ainda tem muita credibilidade. Use-o enquanto for útil e necessário. Depois que sua igreja for grande e famosa, mude para outro que identifique melhor sua igreja. Tipo: Igreja do Município, ou Igreja do Riachinho.
14. Não descanse. Continue sempre praticando essas coisas. Dos membros que atrairá, poucos permanecerão, pois estão em busca de novidade. Quando surgir alguma outra igreja com outras novidades, irão para lá. Não se iluda: a concorrência é grande e constante. Trabalhe sempre com o que aprendeu aqui, e poderá ter sua igreja constantemente cheia, mas sempre com um “público” novo.

Faça tudo isso, e talvez você consiga criar uma "grande igreja" relativamente em pouco tempo. Será "pastor" de uma igreja "gigante". Mas mesmo que consiga, será sacrificando os ensinos da Palavra de Deus. Portanto, terá formado algo que pouco ou nada terá de verdadeira igreja. Por isso lhe darei os meus pêsames, e não os parabéns.

Relembre ou aprenda algumas coisas muito importantes na Palavra de Deus:
1. Jesus nunca fez questão de multidões de seguidores, mas de discípulos comprometidos (João 6:66-67, Marcos 8:34-35).
2. Jesus deixou claro que a maioria das pessoas prefere as facilidades e atrações do mundo, e a minoria decide por segui-lo com fidelidade (Mateus 7:13-14).
3. A única igreja gigante citada na Bíblia é a de Jerusalém, que logo Deus permitiu uma perseguição que a dispersou, e levou seus membros a fundar novas igrejas por onde passavam (Atos 2:38-47, 8:1-4).
4. Jesus nos deixou a ordem para sermos suas testemunhas e pregarmos o Evangelho a todas as pessoas, ensinando-as para que se tornem discípulos compromissados com Ele. A essas devemos batizar, agregando-as às igrejas. Assim que as igrejas devem crescer, e não por outros meios (Marcos 16:15, Mateus 28:19-20, Atos 1:8, 2:41).

Portanto, meu querido, não se deixe levar pela ilusão de formar uma grande igreja. Trabalhe pela conversão e discipulado das vidas preciosas ao Senhor Jesus. Pastoreie seu rebanho com amor, seja ele pequeno ou grande. Dedique-se à oração e ao ensino da Palavra de Deus. E se sua igreja crescer, que seja realmente pela mão de Deus (I Coríntios 3:6), e não por competir com as gigantes. Deus o abençoe.

Dalton de Souza Lima

segunda-feira, 12 de abril de 2021

QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TUDO?

Muitos especulam se essa pandemia é resultado de mutação natural de um vírus, se é obra de Deus, ou do Diabo (por meio das mãos de homens que desenvolvem armas biológicas). Alguns afirmam que Deus a enviou para que os homens se arrependam. Os que afirmam que foi o Diabo, alegam que o motivo é tentar enfraquecer a obra de Deus.

É necessário examinar o contexto da pandemia, não só considerando seu aspecto sanitário e suas consequências em outras áreas, como também os desdobramentos políticos e sociais causados por aqueles que a usam como pretexto para controle social, lucros indevidos, e tentativa de hegemonia ideológica. As conclusões desse exame devem, então, serem comparadas com a Bíblia.

No Brasil, por decisão do STF, o poder para decisões de medidas de combate à pandemia passou aos governadores e prefeitos (incluindo o poder de proibir cultos). Alguns deles estão respeitando nossa constituição e nossas leis, e tomando boas medidas para o combate à pandemia. Outros não. Houve casos de extrema arbitrariedade e até violências, inclusive contra a liberdade religiosa. Entende-se, evidentemente, a necessidade de medidas sanitárias para debelar a pandemia, mas não o desrespeito aos direitos constitucionais, como a liberdade de culto. Como consequência, as igrejas não se reuniram durante meses, e agora só podem fazê-lo com muitas restrições. O mesmo ocorre em outros países.

A obra do Reino de Deus está sendo prejudicada. O mundo precisa das igrejas reunidas manifestando a misericórdia e o juízo de Deus. Também o testemunho pessoal está seriamente diminuído pela quase impossibilidade de aproximar-se das pessoas. A obra missionária está sendo tolhida em todo o mundo. Para a obra de Deus o melhor é que essa pandemia termine e não sirva mais como “motivo" para impedir que as igrejas se reúnam.

Ao longo da história identificamos pensamentos hostis ao cristianismo. O iluminismo afirmou que a fé cristã não resiste ao crivo da razão. O pensamento iluminista influenciou as ideias seculares e antieclesiásticas da revolução francesa. Como a igreja católica legitimava a monarquia, os revolucionários fomentaram essas ideias. Como resultado de sua disseminação, a Europa é hoje profundamente secularizada e refratária ao cristianismo.

Identificamos as mesmas ideias hostis ao cristianismo na doutrina social do marxismo. No Manifesto Comunista, Marx e Engels declararam a religião cristã como um dos principais entraves ao progresso social. Antônio Gramisci (um dos fundadores do partido comunista italiano e criador do marxismo cultural) afirmou que a igreja (protestante ou católica) é uma das principais superestruturas que impedem a revolução socialista, e portanto, precisa ser anulada ou destruída.

Como consequência da influência da ideologia marxista, é muito comum hoje às ideologias, partidos e governos de esquerda a hostilidade e desejo de destruir o cristianismo e suas igrejas. Enquanto não conquistam o poder, perseguem o cristianismo nas salas de aula e meios de comunicação. Mas se têm oportunidade o fazem por meio do controle político e social. Poucos esquerdistas admitem essa oposição ao cristianismo, mas basta lermos os seus livros basilares que a encontraremos neles.

Um estudo da história dos países de regime esquerdista, ou uma visita a esses países confirmará a perseguição da esquerda ao cristianismo: na antiga União Soviética as religiões eram proibidas e perseguidas, especialmente o cristianismo. Na China, em 1948 os comunistas tomaram o poder. Muitos dos missionários que lá permaneceram foram mortos. Mao Tse Tung, nos anos sessenta, iniciou uma perseguição violenta aos cristãos. Xi Jimping, líder absoluto do governo comunista da China, voltou a perseguir todas as religiões, especialmente o cristianismo, e instaurou um verdadeiro culto à sua personalidade, que representa o partido comunista chinês. Inaugurou também um programa para a China alcançar hegemonia mundial dentro dos próximos 30 anos. Ocorre algo semelhante na Coreia do Norte, onde cristãos são torturados e mortos com requintes de crueldade, e o “Líder" é adorado quase como um deus.

Quanto a Cuba, tão festejada pela esquerda brasileira como exemplo de socialismo, seu governo faz muitas restrições ao cristianismo. Quando Fidel Castro tomou o poder, as Bíblias foram destruídas e proibidas, os cultos públicos proibidos ou controlados, e os templos foram confiscados. Em 1965 todos os pastores foram presos. Os templos só foram devolvidos, em ruínas, muitos anos mais tarde. (é proibido construir novos templos até hoje, e as novas igrejas reúnem-se nas maiores casas que conseguirem). Até hoje os cultos são monitorados por agentes do governo, pastores são proibidos de exercer uma profissão secular para seu sustento, e cultos na rua e distribuição de folhetos são proibidos. Somente em 2014 a Bíblia foi novamente permitida.

Observamos em nosso país uma influência do pensamento de esquerda na mídia, entre a “classe artística”, e em muitas salas de aula. O cristianismo é apresentado como algo ruim, repressor e irracional. Os “bonzinhos” são os que repetem como papagaios as ideias “politicamente corretas” da esquerda. Quem discorda é tachado de fascista por “inocentes” úteis que não sabem nem o que é isso. A situação espiritual de nosso país deteriora rapidamente, e como consequência, também a situação social, política, e econômica. E agora há uma pandemia que dura mais de um ano, e serve de pretexto para tantas coisas ruins, inclusive a suspensão ou restrição de cultos. Podemos perceber que aqueles que têm pensamento hostil ao cristianismo estão utilizando a pandemia com oportunismo. Tudo isso interessa a quem? O que diz a Bíblia?

Os que creem que esta pandemia foi provocada por Deus afirmam, baseando-se em Apocalipse 6:8, que essas epidemias antes do fim são sinais da ira de Deus sobre os que não se arrependem de seus pecados. Entretanto, examinando o contexto interno e histórico desse livro, o texto em questão adequa-se mais ao juízo de Deus sobre o Império Romano, que perseguia duramente os cristãos. Jesus ensinou que, antes da sua volta haverá calamidades em vários lugares, incluindo pestes, que é o mesmo que epidemias (Lucas 21:11). Ele não deu mais detalhes sobre isso. Esse ensino de Jesus nos é suficiente, pois seu objetivo é que estejamos alertas, firmes na fé e zelosos em servi-lo (Lucas 21:28-36).

A Bíblia ensina que Satanás está atuando veladamente para que o pecado prevaleça no mundo e venha o homem da Iniquidade. (II Tessalonicenses 2:1-12). Paulo se refere a este fato como o “mistério da iniquidade” que já naqueles dias estava atuando (v.7). Esse homem da iniquidade virá pouco antes da volta de Jesus, e terá poder para proibir todas as religiões e exigir adoração para si como se fosse Deus (v. 4). Portanto, perseguirá aos cristãos. Esse homem terá sucesso em conseguir a adesão da humanidade através de falsos prodígios, engendrados pelo próprio poder de Satanás.(v. 9). Conseguirá iludir os ímpios apresentando-lhes uma falsa e pecaminosa esperança (“engano da injustiça” v. 10). A adesão da humanidade às mentiras desse servo de Satanás servirá para julgamento dos homens daquela geração, no sentido de fazer com que se manifestem aqueles que têm prazer no pecado, e por isso rejeitam a verdade (v. 11-12). O domínio do “homem da iniquidade” será breve. Paulo nos afirma que logo em seguida Jesus voltará e o destruirá com toda a facilidade (v. 8)

Para que Satanás realize seus planos é necessário uma grande apostasia, para o “que agora o detém seja posto fora” (v. 3, 7, 8). Isso significa que grande parte da humanidade se voltará contra Deus, e o que detém a plena atuação de Satanás será retirado. Paulo não esclareceu o que é “um que agora o detém". Alguns estudiosos afirmam que trata-se da igreja. Certo é que a rejeição a Deus pela humanidade ensejará o surgimento do homem da iniquidade.

Muito mais importante que discutir se foi mesmo o Diabo quem criou essa pandemia, é perceber que é ele quem está por trás de tudo que hostiliza, se opõe e procura destruir a igreja e o Reino de Deus. Não temos evidências para afirmar que o Diabo providenciou esta pandemia. Mas fica claro que muitos de seus desdobramentos estão sendo utilizados por ele, como a restrição dos cultos, e outras circunstâncias da pandemia que estão embaraçando a pregação do Evangelho. Portanto, o que está acontecendo agora vai muito além de interesses ideológicos, políticos, ou financeiros. Trata-se de luta espiritual: o poderoso anjo que rebelou-se lutando para tomar o lugar de Deus. E ele procura envolver os seres humanos e destruí-los, usando mentira e astúcia (João 8:44, 10:10).

A vitória final pertence a Cristo, que voltará, destruirá os planos de Satanás, e reinará eternamente (II Tessalonicenses 2:8, Apocalipse 20:10). E seus fiéis participarão da sua glória (I Tessalonicenses 4:13-17, Romanos 8:13-18). Diante de tudo isso, a exortação de Deus é que permaneçamos fiéis a Cristo haja o que houver, sem nos deixar enganar ou desanimar (II Tessalonicenses 2:13-17).

Não estou opinando sobre política, mas alertando sobre uma luta espiritual, que se desenrola aqui neste mundo desde o início da humanidade, e que culminará com a volta triunfante de Jesus. Cada pessoa escolhe hoje de que lado estará: se do lado dos vitoriosos com Cristo, ou daqueles que preferem o pecado e rebeldia contra Deus e serão punidos por toda a eternidade. Crentes em Cristo precisam conferir as Escrituras e confirmar sua posição, e não se deixar influenciar pelas ideias engendradas por Satanás.

Quanto à pandemia e aos cuidados sanitários necessários, é obvio que não os negamos. Como cristãos, somos responsáveis pela saúde de nosso próprio corpo, e também pelo bem de nosso próximo. Entretanto, esses cuidados não devem servir aos propósitos daqueles que se opõe a Cristo. Igrejas devem cultuar a Deus, mas utilizando todas as medidas sanitárias que evitem a infecção das pessoas pelo vírus dessa pandemia. E os que se julgam mais suscetíveis ao contágio ou aos efeitos dessa doença, obviamente são livres para não participar. Mas não devem condenar aqueles que, conscientemente, escolhem cultuar a Deus com seus irmãos. Eles estão mantendo viva a igreja e fortalecendo o Reino de Deus. Por fim, dediquemo-nos intensamente à oração, pois, repito, trata-se de uma verdadeira batalha espiritual. Toda glória seja Dada ao único Deus por toda a eternidade.

Dalton de Souza Lima