quarta-feira, 26 de outubro de 2016

CRISTIANISMO CONFORTÁVEL

      Muitas igrejas estão oferecendo um cristianismo confortável. O “pacote” inclui muitos sermões de auto-ajuda, cultos cuidadosamente elaborados para que seja um belo show musical e visual, e muitas atividades de entretenimento. Tais igrejas baniram de suas pregações a necessidade de arrependimento dos pecados e de uma vida de santidade. Para que incomodar as consciências das pessoas e fazerem-nas sentirem-se desconfortáveis? Ao invés disto, prometem toda sorte de prosperidade material. Passei em frente ao templo de uma dessas igrejas onde havia um enorme cartaz escrito “próxima atração”. É a isto que se dedicam estas igrejas: sempre apresentar uma nova atração, para que a igreja fique cheia de pessoas desejosas de sentirem-se confortáveis. O marketing religioso tomou o lugar da evangelização. Tudo isto atrai muitas pessoas, entretanto é bem diferente do verdadeiro cristianismo.


1. O CRISTIANISMO QUE JESUS ENSINOU NÃO É CONFORTÁVEL

Jesus ensinou que quem quer segui-lo deve;

1.1 Tomar a sua própria cruz (Marcos 8:34-38)

“E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? Ou que diria o homem em troca da sua vida? Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.”

1.2 Sacrificar-se pelo seu irmão (João 13:34)

“Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.”

1.3 Desapegar-se dos bens materiais (Mateus 6:19-21)

“Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”

1.4 Esperar perseguição (Mateus 5:11-12, 10:22)

“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós. (…) E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.”


2. A RECOMPENSA QUE JESUS NOS PROMETEU É PARA A ETERNIDADE (João 14:2-3, Mateus 25:23).

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.”
“Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”

      O conforto que temos é a presença do Espírito Santo, O Consolador, em nossas vidas, e a certeza da vida eterna pela salvação que Jesus Cristo nos oferece. Portanto, o verdadeiro conforto do cristianismo é conseqüência de nossa entrega total e incondicional ao senhorio de Jesus (Mateus 11:29): “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.”.
      Não devemos buscar um cristianismo confortável, mas uma vida de compromisso com Cristo. Só assim encontraremos o verdadeiro conforto para nossas almas.

Pr. Dalton S. Lima

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PASTORES QUE SE MATAM

      Causa-nos grande impacto e tristeza quando recebemos a notícia de que alguém cometeu suicídio. Tratando-se de um pastor, mais ainda. Pastores são, muitas vezes, referenciais de equilíbrio e perseverança, mesmo em sua frágil condição humana. Olhando para seus exemplos de vida alicerçada sobre a fé concluímos que, de fato, é possível atravessarmos os mares revoltos da vida sem sucumbirmos ou perdermos o rumo. Creio que este é o motivo maior de nossa perplexidade e confusão diante do fato. Contudo, não apenas pastores, mas também outros membros de igrejas têm cometido suicídio.
      As estatísticas apontam um crescimento no número de suicídios. Há muitas tentativas de explicar os motivos. A maioria apresenta como causas os problemas existenciais e as enfermidades emocionais. Mas é importante ressaltar que praticamente todas as pessoas enfrentam problemas que podem induzir à depressão, e a maioria não comete suicídio. Temos um forte instinto de autopreservação. Há um consenso que determinados indivíduos reúnem fatores que os tornam mais propensos à depressão e até ao suicídio. Mas porque cresce o número dessas pessoas? As várias hipóteses formuladas não levam em consideração o fato de que o aumento de suicídios coincide com a crescente secularização da sociedade. É inegável que o vazio espiritual tem fragilizado e desestruturado profundamente o homem contemporâneo em muitos aspectos. A existência alienada de Deus é desesperadora. A filosofia existencialista tentou oferecer respostas para este desespero. O hedonismo que permeia a cultura atual nada mais é do que um escapismo semelhante às antigas propostas de alguns filósofos epicureus. O desespero existencial que leva ao suicídio não é potencializado somente pela depressão, mas pela falta de Deus preenchendo a vida.
      Não tenho a pretensão, obviamente, de explicar taxativamente o suicídio. Nem quero rotular impiedosamente os que cometeram suicídio. Nem tão pouco discutir se o crente suicida é salvo ou não (convém lembrar que Jesus afirmou que o único pecado que não tem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo). Sabemos, sim, do peso das enfermidades como a depressão. Mas há que se considerar o fator espiritual como importante para o suicídio. Vejamos o que a Bíblia nos apresenta sobre o assunto:
Afastamento de Deus e atuação do Diabo contribuem para o suicídio
      A Bíblia menciona seis pessoas que cometeram suicídio: Abimeleque (Juízes 9:54), Saul e seu escudeiro (I Samuel 31:4-6), Aitofel (II Samuel 17:23), Zinri (II Reis 16:18) e Judas (Mateus 27:5). A Bíblia não descreve o caráter do escudeiro de Saul, mas os outros cinco eram homens ímpios que se entregaram ao pecado. Todos os cinco afastaram-se de Deus, enfrentaram situações de crises terríveis provocadas por suas escolhas pecaminosas e deixaram-se dominar pelo desespero, amargura ou remorso até ao ponto de tirarem sua própria vida.
      Jesus avisou que Ele veio trazer-nos vida que satisfaz, mas que o Diabo deseja destruir o ser humano (João 10:10). Enquanto Jesus oferece satisfação interior, Satanás trabalha para enganar e destruir vidas. As escolhas de cada indivíduo é que o colocam sob as bênçãos espirituais de Jesus ou na destruidora prisão do Diabo.
Ao observar o crescimento da malignidade opressiva nos tecidos socioculturais, temos que admitir que a Bíblia está certa ao afirmar que há uma ação satânica objetivando destruir o ser humano de todas as formas. A Bíblia afirma que o mundo jaz no maligno, e que ele trabalha de maneira sutil e velada para opor-se a Deus e destruir toda sua obra (I João 5:19, II Tessalonicenses 2:7). O homem é a máxima e mais amada expressão da obra de Deus. Foi criado à sua imagem e semelhança, e Deus se fez homem e por ele sofreu e morreu para salvá-lo. Por isso Satanás está tão empenhado em destruir cada indivíduo e toda a humanidade. Ele procura enganar e oprimir o homem de todas as formas, e aos angustiados e desesperados apresenta o suicídio como alternativa. Ele usou a esposa de Jó para sugerir-lhe que o suicídio era a solução para por fim ao seu sofrimento (Jó 2:2-9).

O discípulo de Cristo está sujeito ao sofrimento, porém o experimenta na perspectiva da esperança
      A narrativa do Gênesis explica a razão do sofrimento humano. Deus criou o mundo perfeito, mas o pecado tornou-o local de sofrimento (Gênesis 1:31, 3:17-19). O discípulo de Cristo também está sujeito ao sofrimento causado por determinadas contingências da existência humana. O próprio Senhor Jesus declarou isto (João 16:33). Entretanto, a maneira como sofremos é diferente do ímpio sem Cristo. Jesus afirmou que devemos ter bom ânimo, pois ele venceu o mundo. Sua vitória nos acrescenta perspectiva e esperança que supera o sofrimento. Em que consiste a vitória de Cristo sobre o mundo? O Senhor Jesus viveu uma vida plena, pois era completamente direcionada para Deus. Assim, seu interior era pleno de comunhão com Deus e das virtudes do caráter de Deus. Acima de tudo, quando o mundo pareceu derrota-lo, Ele triunfou sobre o mundo transformando sua morte na expiação por nossos pecados e ressuscitando. Assim, ele apresentou sentido para a vida e solução para a morte. Além disso, Jesus nos enviou o seu Santo Espírito consolador. Ele habita no crente proporcionando-lhe vida e satisfação interior como uma grande nascente irrigando a terra seca (João 7:37-39). Por isso o apóstolo Paulo afirmou que, embora sujeitos ao sofrimento exterior e interior, não somos dominados por sentimentos destruidores (II Coríntios 4:8-18).
      O que encontramos na Bíblia, e os questionamentos sem resposta, levam-nos a concluir que o afastamento de Deus é um dos fatores que levam ao suicídio, pois dá lugar ao vazio existencial  e ao desespero, oferecendo oportunidade para que o inimigo de nossas almas potencialize os demais fatores que podem levar ao suicídio. Quanto aos pastores, o fato de sermos vocacionados e capacitados por Deus não nos torna imunes às situações e enfermidades que predispõem à depressão e ao suicídio. E, como qualquer outro crente, se não cultivarmos verdadeira comunhão com Deus, podemos pouco a pouco sermos tomados pelo vazio existencial.
O que devemos fazer?
     A Bíblia afirma que devemos viver como peregrinos, rejeitando os desejos pecaminosos que fazem mal à alma (I Pedro 2:11). O crente em Cristo, portanto, não deve adotar o estilo de vida mundano que leva ao afastamento de Deus e ao desespero existencial. Nem deve entregar-se à tristeza desmedida ou ao desespero ao atravessar as crises de nossa existência. Diante do sofrimento, dúvidas e angústias, Jó não sucumbiu porque não entregou-se a estes sentimentos, mas manteve-se submisso e confiante em Deus (Jó 2:10, 19:25:27, 42:1-6). Precisamos sempre lembrar que em Cristo somos mais que vencedores, e que caminhamos para a Pátria Celestial onde Deus enxugará de nossos olhos toda lágrima (Romanos 8:35-37, Apocalipse 21:1-4).
      Precisamos nos valer mais do recurso da oração. Paulo ensinou que não devemos andar ansiosos por coisa alguma, mas orar a Deus para que sua paz, tão grande que é inexplicável, tome conta de nossos sentimentos e pensamentos (Filipenses 4:6-7). Elias entrou em uma depressão tão séria que desejava morrer. Não teve coragem de cometer suicídio, mas orou expondo a Deus seus sentimentos e pedindo que Deus o levasse. Deus não o levou, mas livrou-o da depressão. Providenciou repouso para ele, falou com ele mansamente mostrando-lhe que não havia motivo para ele desesperar-se, mas que deveria seguir em frente com sua missão (I Reis 19:1-19). Elias foi tratado por Deus por que lembrou de orar.
      Deus nos consola e encoraja também por meio de outras pessoas. O apóstolo Paulo estava atribulado por intensos conflitos interiores e exteriores, e Deus o fortaleceu com a chegada de Tito, seu cooperador e amigo (II Coríntios 7:5-6). Pessoas deprimidas sentem desejo de isolar-se, mas precisam buscar um irmão amigo de confiança para que o ajude. E se nós percebermos alguém deprimido, devemos ir a ele, sem esperar que nos chame, e ouvi-lo e ajuda-lo amorosamente.
      Quem está deprimido ou com impulsos suicidas deve procurar ajuda espiritual junto ao seu pastor. Ele pode ouvir, orientar e orar junto, e, se necessário, recomendar um psicoterapeuta para ajudar na cura. A Bíblia afirma que toda boa dádiva vem de Deus (Tiago 1:17). Um psicoterapeuta capacitado a nos ajudar é bênção de Deus. Se ele for um crente em Cristo é melhor ainda, pois coloca-se totalmente nas mãos de Deus e sabe avaliar melhor nossa maneira de pensar e sentir, pois compartilha da mesma fé, valores e referenciais.
      A nós, pastores, além das sugestões acima, proponho algumas mudanças em nossas mentes e atitudes. Precisamos parar com a “síndrome do pêndulo pastoral”: hora nos vitimizamos, hora nos julgamos à prova de tudo. Precisamos varrer de nossas mentes essa ideia de que somos uns “coitadinhos”, que escolhemos a pior função do mundo e todos nos desprezam e hostilizam. Não é bem assim. Sou pastor há 33 anos e realmente atravessei problemas no ministério, e todos foram oportunidades para amadurecer e depender mais de Deus. Além disso, as alegrias foram muitas. Houve, inclusive, muitas ocasiões em que fui muito bem recebido ao me apresentar como pastor. Dirigidos e fortalecidos por Deus suplantamos os problemas e dificuldades. Paulo afirmou que quem almeja ser pastor deseja uma excelente obra (I Timóteo 3:1). A atitude de nos fazermos de pobres vítimas nos leva a nos fecharmos em relação às outras pessoas. Membros da igreja passam a ser vistos como pessoas ameaçadoras e não como irmãos amados, companheiros no ministério. Esta atitude também nos predispõe a pensamentos depressivos e ao desânimo.
      O outro extremo do pêndulo é o de nos julgarmos superiores, inatingíveis, à prova de tudo. Diz o ditado que quanto mais alta a árvore, maior a sua queda. Quando achamos que podemos lidar com todos os problemas muito bem, e nada poderá nos abater, nos momentos de crise sofremos mais e escondemos, evitando dividir com outras pessoas que poderiam ajudar. Temos que reconhecer que nossa atividade apresenta determinadas peculiaridades  que podem provocar tensão e desgaste emocional. Se reconhecemos nossa fragilidade diante da caminhada cristã e do ministério, saberemos lidar com ela de maneira sábia e construtiva. Precisamos ser humildes e reconhecer que somos frágeis e dependentes da graça de Deus como todos os nossos irmãos.
      Pastores queridos, vamos dividir mais as cargas. Paulo aconselhou que devemos levar as cargas uns dos outros (Gálatas 6:2). Façamos de nossas ovelhas amigos, e de nossos colegas de ministério amigos e conselheiros. Façamos do ministério, não um fardo pesado, mas a excelente obra. Permitamos que o Espírito Santo sempre produza em nós seu fruto abundantemente, para que vivamos sempre satisfeitos e alegres, cheios de amor para repartir.
      Seria deprimente o quadro do final do ministério do pastor Paulo? Injustamente trancado em uma prisão romana, pobre e abandonado, ele aguardava sua sentença de morte e execução. Deveria ficar amargurado, desesperado, entrar em depressão? Claro que sim. Entretanto, fazendo o balanço de sua vida e ministério, considerava-se um vitorioso, pois cumprira bem sua missão e sabia que o prêmio lhe aguardava no Céu (II Timóteo 4:6-8). Queridos, cultivemos sempre a comunhão com Deus, dependamos de sua graça, e sejamos vitoriosos até o fim.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

CAÇADORES DE DEMÔNIOS

     Durante a idade média, tudo de ruim era atribuído à ação de demônios. A peste bubônica, que devastou grande parte da população europeia, era atribuída à atuação demoníaca. Colheitas ruins, distúrbios mentais, e muitas outras coisas eram consideradas de origem satânica por meio da invocação de seus servos humanos. Muitos dedicaram-se ao ofício de caçadores de bruxas, especializando-se em “reconhecer as características” da atividade demoníaca. Muitas mulheres foram torturadas e mortas acusadas de bruxaria. No século XIX, inspirado nos caçadores de bruxas, surgiu na literatura o personagem Van Helsing, o caçador de vampiros e outros monstros demoníacos. No Brasil, boa parte de nosso povo tão afeito à superstição, cultiva crenças semelhantes às medievais, das quais Satanás sabe tirar proveito para aprisiona-los nas trevas.
        Embora saibamos pela Palavra de Deus que existem fenômenos sobrenaturais, hoje conhecemos as causas de muitos fenômenos que antes eram tidos como malignos. A própria Bíblia nos apresenta o discernimento necessário para sabermos distingui-los. Entretanto, ainda existem crentes inclinados a darem crédito a toda estória estapafúrdia que surge. E essas histórias surgem daqueles que se dedicam a produzirem todo tipo de crença irracional e sem respaldo bíblico, atribuindo tudo aos demônios. São os modernos “caçadores de demônios”. Caçadores de bruxas existiam na idade média devido ao atraso da ciência e ao desconhecimento da Palavra de Deus. Causa-me espanto como hoje ainda multiplicam-se tantos crentes “caçadores de demônios”.
       No início do meu pastorado, havia uma onda nas igrejas de descobrir mensagens ocultas nos discos LPs. Era necessário girá-los em sentido inverso. Muitos “caçadores” gastavam mais tempo girando os discos ao contrário do que lendo a Bíblia e orando. E por vezes até repetiam as horríveis blasfêmias que acreditavam terem descoberto.
        Depois o novo grande inimigo eleito pelos evangélicos era o movimento “Nova Era”. Muitos palestrantes percorriam as igrejas alertando que havia muitos símbolos do movimento com um significado maligno oculto, e quem os usasse ficaria sob influência demoníaca. Os adolescentes de nossa igreja fizeram bonitas camisas com um desenho do sol nascendo e os seguintes dizeres: “Em Cristo há um novo dia”. Uma “caçadora” quase enfartou e gritou: “Não usem essas camisas. O Sol é um dos símbolos da Nova Era”. Exortei aquela irmã perguntando-lhe quem criou o Sol, e se o profeta Malaquias errou ao anunciar a vinda de Jesus como o nascimento do “Sol da Justiça”. Esquecendo-se da outra realidade verdadeiramente satânica que permeia a religiosidade brasileira, que é a idolatria e a feitiçaria, os evangélicos fizeram mais propaganda do movimento “Nova Era” do que ele próprio. 
     Assisti a um vídeo de um desses “caçadores” em que nos alertava para não fornecermos às crianças fitas de vídeo de um determinado desenho animado, pois os produtores o teriam consagrado ao Diabo, e cada fita abrigaria um demônio que possuiria cada criança que o assistisse. Para provar o que dizia, mencionou um trecho da animação que, se fosse assistido em baixa velocidade revelaria uma nuvem de poeira em forma da palavra sexo. Tentei várias vezes e não consegui visualizar a tal nuvenzinha subliminar. Contudo, na animação havia uma clara propaganda da falsa crença de que é possível falar com os mortos. Isto sim é muito perigoso para as crianças, pois as induz a crenças totalmente contrárias à Palavra de Deus. Este fato o “caçador” não mencionou.
          Atualmente os  tais “caçadores” elegeram a internet como meio eficiente de propagar seu pânico cego e supersticioso. Proliferam nas redes sociais as afirmações mais esdrúxulas de superstição “gospel”. E como é crédula grande parte do povo evangélico! Basta alguém afirmar algo bem sensacionalista que muitos acreditam sem avaliar e passam adiante. Tempos atrás circulou uma mensagem afirmando que o “ratimbum” tão comum nas festinhas de aniversário infantis na hora de soprar as velinhas deve ser totalmente banido. O motivo, afirmou o caçador,  é que seria uma invocação demoníaca em um idioma antigo. A mim sempre pareceu o som onomatopéico da percussão de uma bandinha. Mesmo assim fui pesquisar e não encontrei nenhuma confirmação consistente e coerente da afirmação dos “caçadores”.
  Recentemente assisti um vídeo que circula nas redes sociais em que uma suposta mãe afirma que seu filho pequeno queria ser menina porque estava possesso de uma entidade da umbanda que aparecia para ele e lhe sugeria que ele poderia ser uma menina. Como todo este tipo de material circulando por aí, o autor do vídeo não se identifica nem coloca um e-mail para quem deseja mais esclarecimentos. A falta de uma fonte segura já é suficiente para tirar a credibilidade deste tipo de material. Mas vamos analisa-lo: É, até certo ponto, comum crianças pequenas ficarem em dúvida quanto ao próprio sexo. Há algumas causas, com as quais os pais devem lidar com sabedoria para que as crianças desenvolvam sua sexualidade de maneira saudável, segundo os padrões bíblicos. A Associação Americana de Pediatras afirma que há dados estatísticos demonstrando que, destas crianças, 98 % dos meninos, e 88 % das meninas ajustam-se ao seu próprio sexo biológico até o final da puberdade (http://www.acpeds.org/the-college-speaks/position-statements/gender-ideology-harms-children). Também é muito comum crianças pequenas terem “amigos imaginários”. Será que essa suposta mãe não concluiu que poderia ser uma determinada entidade e sugeriu a descrição para seu filho, que teria concordado com ela? A suposta mãe afirma ter orado durante quarenta minutos impondo as mãos sobre a cabeça da criança, e ela chorava muito até que ela lhe pediu perdão. Certamente a mãe já censurara seu desejo de ser menina. Qual criança não choraria e pediria perdão numa situação desta? E se tudo isto realmente foi verdade, torna-se uma regra?
  Creio que falta discernimento e sobra superstição aos “caçadores de demônios”. E a superstição, esta sim é arma do Inimigo,  pois ele a utiliza para afastar as pessoas dos verdadeiros ensinos de Deus. Tais “caçadores”, sem perceber, estão contribuindo para fomentar ainda mais a mentalidade supersticiosa de boa parte de nossa população.
  Satanás procura opor-se a Deus. A Bíblia nos alerta sobre quais são os verdadeiros objetivos do Inimigo e como ele age para alcança-los. Apresento aqui os principais: Levar o homem a duvidar da Palavra de Deus para que o desobedeça e não tenha comunhão com Deus, sofrendo condenação eterna (Gênesis 3:1-24, Lucas 8:12, João 10:10). Quanto aos crentes, ele usa artimanhas e perseguições para que enfraqueçam na fé e esfriem no amor e não sirvam aos propósitos de Deus (Efésios 6:11, I Pedro 5:8-9). Para atingir seus objetivos, ele age dissimuladamente e usa o engano e a falsidade (João 8:44, I Tessalonicenses 2:7). Ele procura influenciar os valores e princípios da sabedoria humana (Tiago 3:14-15). Assim ele pode também influenciar fortemente a cultura e os valores que regem as estruturas e instituições sociais (I João 5:19).
  Porém, a vitória de Cristo e seus salvos já está assegurada por Deus, o Senhor da história (Apocalipse 12:7-12). Se queremos realmente cooperar com os propósitos de Deus e ficarmos firmes contra as ciladas do Inimigo, ao invés de nos tornarmos “caçadores de demônios”, devemos orar e vigiar para resistirmos às tentações, nos vestirmos com a armadura de Deus, e proclamarmos e vivermos a Palavra de Deus (Mateus 26:41, Efésios 6:10-20). É ela é a arma que derrota o inimigo, pois leva as pessoas a renderem-se a Cristo e permanecerem firmes sob o seu domínio (Efésios 6:17). Glória ao nosso Deus eternamente.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

PASTORES "PROBLEMÁTICOS"

      Muito comum ouvirmos relatos sobre pastores que geraram sérios problemas para suas igrejas, famílias, ou para outros pastores. Sabemos que a grande maioria dos pastores constitui-se de gente boa e séria, que sacrificou (e ainda sacrifica) necessidades e aspirações legítimas em prol da obediência ao seu chamado para ser ministro de Deus. Infelizmente, existem  pessoas que distorcem fatos e palavras, e propagam boatos falsos e maliciosos, causando terríveis estragos. Contudo, somos forçados a reconhecer, diante de evidências, que há relatos desses que são verdadeiros.
      Preocupados, procuramos estabelecer regras que coíbam tais casos. Nada contra regras sensatas e justas. Mas será que elas, por si mesmas, são capazes de resolver esse tipo de problema? Creio que não. Há uma dinâmica de interações sociais, e até mesmo fatores espirituais, que fogem ao controle das regras. Há também irmãos que vêm na autonomia das igrejas um empecilho para se lidar de maneira eficiente com problemas como esses, e até mesmo apresentam fatos e argumentos dignos de nossa consideração. Entretanto, a autonomia de nossas igrejas encontra boa fundamentação bíblica, e é um dos princípios mais caros aos batistas. Além disso, há denominações com elevado grau de centralização que enfrentam problemas semelhantes aos nossos, e até outros que não temos. Portanto, trata-se de um pensamento semelhante àquela ideia de “matar o boi para acabar com os carrapatos”.
      Mas a questão permanece: o que fazer para que existam menos pastores problemáticos, ou para que diminua a incidência de problemas causados por alguns pastores?

1. IGREJAS DEVEM DAR MAIS ATENÇÃO AO PREPARO DE SEUS VOCACIONADOS

      Há pastores que apresentam problemas no ministério porque não foram devidamente discipulados para se tornarem maduros. Paulo ensina que o pastor não deve ser um neófito, um imaturo, pois ele facilmente deixa-se levar pela soberba (I Timóteo 3:6).
      O preparo fundamental de um vocacionado deve acontecer em sua própria igreja, antes mesmo de tomar consciência de seu chamado, e também depois. Como qualquer outro cristão, ele precisa ser discipulado para Cristo e conforme os ensinamentos de Cristo. Deve ser ensinado, antes de tudo, a amar a Palavra de Deus, estudá-la e conhecer suas doutrinas. Precisa ser incentivado, apoiado (e corrigido, quando necessário) para que dê lugar à contínua ação do Espírito Santo em sua vida, de tal maneira a vivenciar os ensinamentos de Cristo. Em suma, a igreja precisa ajuda-lo a amadurecer espiritualmente e aperfeiçoar o seu caráter em todos os sentidos, e também a desenvolver fidelidade doutrinária.
      Ao ter convicção de seu chamado, o vocacionado precisa receber continuamente orientação mais específica por parte do pastor e dos líderes da igreja, de tal maneira que aprenda sobre as responsabilidades que o aguardam no ministério, e seja também preparado para o curso teológico. A igreja também deve observá-lo mais de perto, para constatar se seu caráter e sua conduta condizem com as características que a Bíblia apresenta a respeito de um ministro do Evangelho. Durante o seu curso teológico, tais cuidados devem prosseguir. Recomendar alguém para o seminário sem tais cuidados é temeridade.
      Portanto, grande parte da responsabilidade do preparo de um vocacionado recai sobre sua igreja. O discipulado é responsabilidade intransferível da igreja. Cabe a uma instituição de ensino teológico burilar o que a igreja já fez. Isto tudo não quer dizer que a igreja pode enviar seus vocacionados para qualquer seminário. Os líderes da igreja devem informar-se sobre as instituições de ensino teológico, e a igreja deve recomendar seus vocacionados para aquelas realmente compromissadas com a Palavra de Deus e com as nossas doutrinas, e que apresentem bom nível acadêmico e ambiente espiritual.

2. IGREJAS DEVEM TER MAIS CRITÉRIO AO CONSAGRAR ALGUÉM AO MINISTÉRIO

      Paulo ensinou que não devemos consagrar ninguém precipitadamente (I Timóteo 5:22). É uma grande responsabilidade para uma igreja promover a consagração ao ministério de alguma pessoa. É um erro pensar que um concílio de pastores tem condições de, em uma hora ou pouco mais, realizar uma completa avaliação se o candidato está apto ao ministério ou não, até porque o candidato pode faltar com a sinceridade em suas respostas. A função principal do concílio é testemunhar à denominação que o candidato possui as convicções pessoais e doutrinárias necessárias a um ministro. A responsabilidade maior de avaliar detidamente o candidato recai sobre sua igreja, que ao longo dos anos deve acompanhar sua conduta, suas convicções doutrinárias, e a qualidade de seu trabalho desenvolvido na igreja.
      Portanto, uma igreja não deve promover a consagração de um candidato ao ministério simplesmente porque ele concluiu, ou está cursando, um curso teológico, mas porque vê nele os dons espirituais e as qualidades necessárias ao exercício do ministério. Caso contrário, poderá estar cometendo a leviandade de entregar às igrejas batistas um indivíduo desqualificado para o ministério, que mais cedo ou mais tarde poderá apresentar problemas

3. SEMINÁRIOS PRECISAM INVESTIR MAIS NO ENSINO DOS ASPECTOS PRÁTICOS DO MINISTÉRIO E NA ÉTICA MINISTERIAL

      Deve fazer parte do preparo teológico do vocacionado a discussão de questões práticas do ministério, afim de ele seja preparado para lidar adequadamente com suas realidades. A ética cristã precisa ser ensinada com mais ênfase, de tal forma que os ministros estejam preparados para agir corretamente frente aos diversos dilemas encontrados ao longo do ministério, e estejam também atentos a determinadas armadilhas. Portanto, nossas instituições de preparo teológico precisam estar em sintonia com a nossa realidade ministerial, e esforçar-se mais em fornecer aos vocacionados esses parâmetros balizadores que lhes serão úteis no exercício do ministério.
      Apesar da maior responsabilidade no discipulado do vocacionado recair sobre a igreja, nossas instituições teológicas podem e devem procurar, na medida do possível suprir as falhas de algumas igrejas no preparo de seus vocacionados. Cria-se uma espécie de círculo vicioso quando um ministro imaturo assume uma igreja. Como ela terá condições de discipular seus vocacionados? Seminários podem ajudar muito a romper este círculo. Além da excelência acadêmica, devem oferecer o melhor ambiente moral e espiritual aos seus alunos, e adotar também uma linha de coerência doutrinária.

4. PASTORES PRECISAM CULTIVAR A HUMILDADE

      Como todos os outros crentes, o pastor precisa seguir o exemplo de humildade dado por Cristo (Filipenses 2:3-8). Sem humildade, nenhum pastor alcança verdadeiro êxito no ministério, pois “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (I Pedro 5:5).
      É necessário que nós pastores sejamos humildes para reconhecermos a nossa total dependência de Deus. Não são nossas qualidades como líderes e a nossa própria inteligência, por si sós, que levarão a bom termo o nosso ministério. Jesus declarou “sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). É o Espírito Santo quem nos capacita e dirige. Precisamos ser humildes e buscar esta dependência. E quando alcançarmos êxitos, devemos lembrar que devem ser creditados ao Senhor Jesus.
      Devemos ser humildes também para reconhecermos que precisamos cuidar de nós mesmos. Paulo recomendou a Timóteo que tivesse cuidado não só com o seu ensino, mas também consigo próprio (I Timóteo 4:16). O pastor precisa cuidar de sua saúde, de suas finanças, de sua vida familiar, e sobretudo de sua vida devocional.
      Pastores precisam de humildade para desenvolverem respeito mais profundo por suas igrejas. As igrejas pertencem a Cristo, não a nós, e haveremos de prestar contas a ele. Esta verdade deve despertar em nós grande senso de responsabilidade e muita humildade, de tal forma a desenvolvermos uma liderança verdadeiramente espiritual, ao invés de nos tornarmos dominadores de nossos rebanhos (I Pedro 5:1-3). Saberemos reconhecer nossos erros e corrigi-los, bem como reavaliar nossos pontos-de-vista que porventura possam estar em conflito com a igreja.
      Precisamos usar de humildade também ao exortarmos. Paulo orientou Timóteo a admoestar aos idosos como se fossem seus próprios pais, e aos mais jovens como a seus próprios irmãos (I Timóteo 5:1-2). Humildade, portanto, é uma das atitudes mais importantes para evitarmos ou resolvermos os conflitos interpessoais. Precisamos estar atentos para não nos deixarmos levar pelo orgulho, sempre avaliando, com a ajuda de Deus, nossos sentimentos e atitudes.

5. IGREJAS PRECISAM RECONHECER E AMAR SEUS PASTORES QUE SÃO FIÉIS À PALAVRA DE DEUS

      Se pastores imaturos criam problemas, ovelhas imaturas também criam. Há alguns crentes que fazem uma cobrança exagerada em relação aos seus pastores. Estão sempre dispostos a descobrir os defeitos do pastor, e se não descobrem, fabricam algum. Fazem oposição sistemática ao pastor. Atitudes assim entristecem e desestimulam o pastor, e contribuem para o surgimento ou agravamento de situações de crise na igreja.
      A Bíblia ensina que uma igreja precisa reconhecer, estimar e amar seus pastores. Paulo apresenta como motivo a obra que realizam, inclusive presidindo as igrejas e admoestando seus membros (I Tessalonicenses 5:12-13). Ele conclui sua orientação recomendando que a igreja viva em paz. Isto significa que, quando a igreja sabe valorizar, respeitar e amar um pastor dedicado ao ministério e fiel à Palavra de Deus, muitos problemas podem ser evitados ou solucionados corretamente, de tal maneira que a igreja vive em paz.
      Os membros das igrejas precisam entender que nós, pastores, mesmo sendo vocacionados e capacitados pelo Espírito Santo, somos humanos e às vezes falhamos. Nessas ocasiões, os crentes precisam usar compreensão e diálogo com o pastor. Afinal de contas, não são estas atitudes que também esperam do pastor em relação aos outros membros? E mesmo em raras ocasiões em que são realmente necessárias medidas extremas, os membros da igreja precisam agir com amor, respeito, honestidade e correção.

Conclusão

      Devido à nossa natureza humana, problemas sempre existirão, tanto da parte de alguns pastores, como da parte de alguns membros das igrejas. Contudo, podemos e devemos minimiza-los, pois somos discípulos procurando reproduzir o caráter do Mestre. Nossas imperfeições e fragilidades não devem servir de desculpas para a acomodação, mas de incentivo para a busca da maturidade, como indivíduos, e também de nossas igrejas e instituições.
      Christian A. Schwars afirmou em seu livro Desenvolvimento Natural da Igreja que, sob a direção do Espírito Santo, uma igreja cresce naturalmente. É só os membros não atrapalharem. Que tragédia quando um pastor torna-se um “atrapalhador” da igreja! O apóstolo Paulo ensinou que somos cooperadores da obra de Deus (I Coríntios 3:9). Nós, pastores, temos a responsabilidade de sermos facilitadores da obra do Espírito Santo nas igrejas. Com temor e tremor, apropriemo-nos diariamente da graça de Deus, para que ao final de nossas vidas possamos fazer nossas as palavras de um grande pastor vitorioso: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (II Timóteo 4:7).
Dalton de Souza Lima

terça-feira, 19 de julho de 2016

IDEOLOGIA DE GÊNERO: UMA DESCONSTRUÇÃO DA VERDADEIRA SEXUALIDADE

       A pretexto de combater a homofobia, preconceito e violência, a militância gay de esquerda tenta implantar nas escolas a ideologia de gênero. Esta ideologia afirma que, embora existam somente dois sexos, existem vários gêneros. Alguns desses gêneros: heterossexual, homossexual, travesti, bissexual, pansexual e transexual (alguns adeptos desta ideologia chegam a identificar 33 gêneros). A ideologia de gênero também afirma que a cultura é que impõe ao indivíduo o papel de seu sexo, e portanto, o seu gênero, e que a criança, ao longo de seu desenvolvimento, é quem deve escolher livremente qual o seu gênero.
        Como prática nas escolas propõem a supressão de influências que possam determinar nas crianças a opção heterossexual, e propõem também o ensino às crianças sobre a possibilidade de optarem pelos outros gêneros. O tratamento por menino ou menina deve ser substituído pelo tratamento único de “criança”. Professores deverão ensinar as crianças que não existem papéis femininos ou masculinos definidos, e que elas podem escolher qualquer gênero. A ideologia de gênero já é oficialmente adotada pela ONU e pela Comunidade Europeia.
      Não há bases verdadeiramente científicas para esta ideologia. Ela nasceu de afirmativas de filósofos e ativistas, e que nunca alcançaram o respaldo de comprovações científicas. Rafael Solano afirma que trata-se mais de uma agenda política de desconstrução da individualidade e consequente facilitação de manipulação das massas (Solano, Rafael. Ideologia de Gênero e a Crise da Identidade Sexual. Cachoeira Paulista, SP, Canção Nova Editora. 2016).
        A ideologia de gêneros opõe-se ao que Deus criou e estabeleceu, e, portanto, é pecaminosa e destrutiva. Deus criou o ser humano com somente dois sexos, determinados biologicamente. Portanto, só existem dois gêneros: masculino e feminino. É inegável que a cultura exerce influência no papel social atribuído a cada um dos dois sexos, mas não os determina, de forma alguma. Portanto, afirmar que existem vários gêneros e que o indivíduo deve escolher o seu contraria o que Deus fez e determinou para o ser humano. Quem assim procede acarreta para si consequências destrutivas. Ilude-se com o que julga ser uma opção libertadora, mas que é, na realidade, uma violência à sua própria natureza e uma rebelião contra Deus. A homossexualidade não é uma condição natural ao ser humano, mas um desvio em grande parte causado por fatores externos ao indivíduo. O indivíduo nesta condição precisa voltar-se para Deus e procurar ajuda pra retornar à sexualidade originalmente criada por Deus.
       A ideologia de gêneros contribui para a destruição da Família e retira dela a prerrogativa de educar os seus filhos. Segundo muitos seguidores desta ideologia, até mesmo a influência da família deve ser eliminada na escolha individual do gênero, pois ela também seria uma forma de interferência cultural. Alguns chegam a afirmar que o núcleo familiar deve dar lugar a outras formas básicas de relacionamento social e afetivo. Entretanto, as próprias disciplinas científicas demonstram como a família é a base do desenvolvimento humano saudável. Na grande maioria das culturas, em todas as épocas, a família figura como instituição fundamental, não só à reprodução, como também à educação e desenvolvimento saudável dos indivíduos. A família não pode ser desprezada nem destruída. Nem o estado ou a escola podem assumir para si o papel da primazia na orientação das crianças. Esta atribuição é responsabilidade e privilégio das famílias.
             A ideologia de gênero prejudica o desenvolvimento sadio da criança. A  sexualidade masculina ou feminina é natural ao desenvolvimento da criança. E ela necessita de referenciais, que ela desenvolve não só em função de sua constituição biológica, mas também por meio da identificação com os adultos. Ora, querer privar a criança dos referenciais naturais ao desenvolvimento de um aspecto tão importante de sua identidade é algo muito destrutivo, podendo ocasionar terríveis prejuízos ao indivíduo. É uma irresponsabilidade inominável querer submeter vidas preciosas em desenvolvimento à condição de cobaias de um experimento social apregoado por uma militância míope que se traveste de movimento intelectual “do bem”.
             Na sua falta de argumentos, os adeptos da ideologia de gênero tentam impingir aos contrários a pecha de homofóbicos. Não devemos aceitar isto e tão pouco nos intimidar. Homofobia constitui-se em negar ao homossexual os seus direitos de cidadão, e em sua forma mais extrema, em negar-lhe o direito a vida. Este não é, de maneira alguma, o nosso caso. É direito nosso expressar nossa opinião de que o homossexualismo é uma condição contrária ao que Deus planejou, e portanto, é nocivo, e de que o homossexual prestará contas disto a Deus. Cremos que o ser humano é livre para escolher, mas responsável pelas consequências de suas escolhas. Cremos também que as escolhas pessoais não devem ser impostas aos demais, e a ideologia de gênero propõe uma agenda oportuna à indução de crianças ao homossexualismo. 
      A fim de legitimar-se, a ideologia de gênero tenta “pegar carona” em causas verdadeiras, como o combate ao racismo e à violência contra a mulher. Mas não é por meio da ideologia de gênero que erradicaremos preconceitos e violência, mas sim por meio da prática real dos valores do Reino de Deus ensinados na Bíblia. E para isto é necessária a transformação espiritual de cada pessoa por meio da fé incondicional no Senhor Jesus Cristo. Nosso papel como cristãos autênticos é a proclamação do Evangelho e a vivência destes valores. Como  sal da terra e luz do mundo devemos também usar de todos os meios lícitos e éticos, coerentes com a nossa fé, para impedirmos que ideologias e agendas como esta sejam implantadas em nossa sociedade.
Dalton S. Lima

quarta-feira, 13 de julho de 2016

DIÁLOGO TEM LIMITES

            Como fruto de desdobramentos filosóficos e culturais, valorizamos o diálogo como fonte de conhecimento e de soluções. A princípio o diálogo é algo benéfico e saudável. Ele ocorre quando há duas partes sinceramente desejosas de se ouvirem mutuamente. Ambas ouvem e falam, ambas refletem no que ouviram. Há necessidade de boa vontade entre ambas as partes. Os objetivos do diálogo podem ser o consenso ou o aprendizado. Entretanto, há limites para o diálogo. Para que dialogar quando não há nada a aprender com o erro ou consenso algum a estabelecer (II Timóteo 3:14, II Coríntios 6:14-18)? O diálogo não pode ser supervalorizado e justificado em todas as circunstâncias. Se uma das partes está mal intencionada ou obstinadamente equivocada, o diálogo fica totalmente comprometido e é inútil ou até pernicioso.
            Assim, nem sempre o diálogo é desejável ou útil. Eva dialogou com a Serpente e pecou. Ela era astuta e seu propósito era leva-la a desobedecer a Deus (Gênesis 3:1-6). Ló tentou dialogar com os perversos habitantes de Sodoma chamando-os à razão e quase foi destruído (Gênesis 19:1-11). Os homens de Israel dialogaram com as mulheres moabitas e com elas pecaram, e provocaram a ira de Deus (Números 25). Neemias liderava a reconstrução dos muros de Jerusalém quando foi convidado para um diálogo com os inimigos Sambalate e Tobias. Respondeu que não iria, pois estava ocupado fazendo uma grande obra (Neemias 1:4).
            Há limites para o diálogo. O Livro de Provérbios contém advertências sobre a tentativa de dialogar com tolos (Provérbios 23:9, 26:8). Jesus afirmou que não devemos lançar pérolas a porcos (Mateus 7:6). Paulo ensinou que o homem faccioso e que despreza a doutrina deve ser exortado e depois evitado, e não ouvido em pé de igualdade em um diálogo (Tito 3:10-11, Romanos 16:17-18).
        Poder-se-ia retrucar a tudo isto questionando: Mas Jesus não dialogou com os pecadores e até mesmo com seus opositores? Jesus dialogou sim, com pecadores dispostos a ouvi-lo, e na posição de Mestre, para ensinar-lhes a necessidade de arrependimento dos pecados e confiança na misericórdia de Deus para salvação, revelando-se a eles como o Salvador prometido. Nunca vemos nos evangelhos Jesus parando para ouvir argumentos em favor do pecado. Quanto aos seus opositores,  quando procurado e acusado por eles, Jesus demonstrava a hipocrisia e obstinação deles, denunciando o seu pecado. Creio que isto não representa o tipo de diálogo que apregoam os “politicamente corretos” e muitos adeptos de teologias neoliberais.
              Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, só podemos dialogar com aqueles que estejam realmente dispostos a ouvi-la. Quem está consciente do que ela representa e a despreza ou a distorce não vai dialogar, mas tentar nos impingir seu ponto de vista pervertido. No mínimo, trata-se de perder tempo e, pior ainda, prestigiar um apóstata dando-lhe oportunidade para que ele sutilmente propague suas ideias  (Colossenses 3:8). 
Devemos dialogar com pecadores que também estejam dispostos a ouvir. E como Jesus fez: com amor, mas com o objetivo de ensinar-lhes o caminho da salvação. Certamente devemos ouvir e responder seus questionamentos, mas nunca para aceitar as suas justificativas para o pecado.
            Nossa regra de fé e prática é a Bíblia. Não podemos relativizá-la em hipótese alguma, nem mesmo em nome de um falso diálogo. Devemos amar, porém sem sacrificar a verdade (Efésios 4:15). A nós foi confiada a missão de sermos “coluna e firmeza da verdade” (I Timóteo 3:15). Temos a grande responsabilidade diante de Deus  de levar ao mundo tão carente a sua verdade,  e não de dialogar para ouvir o seu engano. Não nos deixemos levar pelas armadilhas do falso diálogo. Façamos como Neemias: recusemos o diálogo inútil e perigoso, pois estamos fazendo uma grande obra. Porque iríamos parar?

Dalton S. Lima

sábado, 9 de julho de 2016

SUPERFICIALIDADE GOSPEL

     Recentemente a mídia noticiou fatos lamentáveis sobre um homem que se diz pastor de uma dessas “igrejas neo”, e que protagoniza uma verdadeira tragédia em sua família. Sua esposa, uma cantora “gospel”, expôs o caso nas redes sociais. Pastores que estão na moda apressaram-se em opinar. Para meu espanto, descobri um universo de sites e blogs “gospels” alimentando a fofoca, pois são especializados nisto! Fiquei triste ao constatar a superficialidade vazia desta geração “gospel” que gosta de frequentar as igrejas “casas de show”, de seguir os astros e estrelas do mundo “gospel” nas redes sociais, e alimenta-se das fofocas e polêmicas em torno deles. Uma geração que se resume a astros e estrelas e seus fãs. Será que o cristianismo hoje se reduz a isto?
      O Senhor Jesus  Cristo não buscou fãs, mas discípulos comprometidos. Ensinou-nos a nos alimentarmos de sua Palavra, e não da fofoca gospel. A Bíblia ensina que Igreja é comunhão dos salvos como corpo de Cristo, e  não casa de show ou clínica de autoajuda. Também nos ensina a não nos apressarmos em julgar ninguém, mas lembrarmos da nossa própria fragilidade e tomarmos cuidado para não cairmos.
         Lembremos que temos compromisso com o Senhor Jesus Cristo. Fujamos de toda essa superficialidade e mundanismo. Que todo o nosso ser seja envolvido pela profundidade do amor de Cristo, de tal maneira que possamos pensar, falar e agir de maneira coerente com a Bíblia.

Dalton S. Lima

sábado, 16 de abril de 2016

NÃO ABRA MÃO DE EDUCAR SEU FILHO

 Como resultado da influência do marxismo, a pedagogia atual afirma que a função da escola é educar. Trata-se de uma perversa inversão de papéis. A responsabilidade de educar a criança recai principalmente sobre os seus pais. A tarefa principal da escola é ensinar. Obviamente, a escola deve auxiliar os pais no processo educativo, e viceversa. Contudo, deve ficar muito claro o foco de cada um.
É comum muitos pais acomodarem-se a este equívoco, priorizando a ascensão profissional e financeira e entregando a responsabilidade da educação de seus filhos às creches, escolas, centros comunitários, etc. Reconhecemos que, numa sociedade onde o custo de vida é extremamente caro, muitos pais e mães são forçados a longas jornadas de trabalho longe de seus filhos. Conheço mães que, lutando contra as adversidades da vida, heroicamente trabalham pelo pão de cada dia de seus filhos e fazem o melhor possível para educá-los. Entretanto, cabe-nos uma reflexão: até onde vai a necessidade, e onde começa o equívoco? Conheci uma família cuja mãe trabalhava por um salário que era destinado a pagar o colégio interno de seus filhos. Seu marido era bem remunerado e sustentava satisfatoriamente a família. Algumas mães sacrificam o tempo que seria dedicado a seus filhos em troca de salário que possibilite comprar-lhes brinquedos caros, tablets, roupas de grife e outras bugigangas que o marketing da mídia nos impõe. É fácil perceber que nisto tudo há também uma perversa inversão de valores: bens materiais acima das virtudes essenciais, egocentrismo ao invés de amor altruísta.

O que filhos realmente necessitam é de educação amorosa, bíblica, disciplinada e equilibrada, ministrada por pais presentes e realmente interessados. Louvamos a Deus por muitos pais e mães que, fiéis à Palavra de Deus e fazendo uso do amor e do bom senso, optaram por assumirem a educação de seus filhos, até sacrificando algo para isto. Mães que sacrificam carreiras ou outros interesses para dedicarem-se a seus filhos em nada são diminuídas, mas engrandecidas. Pais que “fabricam” tempo para dedicar às suas famílias verão a recompensa disto. Não abramos mão da educação de nossos filhos.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A APOSTASIA DE UMA IGREJA



      Os Primeiros cristãos alegravam-se com a existência de uma igreja fiel na capital do Império Romano. O apóstolo Paulo agradeceu a Deus pela existência e pelo testemunho de fé da Igreja de Roma (Romanos 1:8). Ele desejava visitá-la, e finalmente teve contato com aqueles irmãos quando esteve preso em Roma (Romanos 1:10, Atos 28:14-15). A antiga tradição cristã também afirma que o apóstolo Pedro esteve com os cristãos de Roma, o que pode ser confirmado em I Pedro 5:13 (os primeiros cristão referiam-se à Roma como Babilônia).
      Contudo, mesmo tendo recebido ensinamentos diretamente dos apóstolos (como outras igrejas daquela época), com o passar do tempo a igreja de Roma apostatou. Ela abandonou os ensinamentos de Cristo e dos apóstolos, e adotou crenças e práticas contrárias à Palavra de Deus. Tudo isto porque a igreja deu ouvidos a ensinamentos de homens vaidosos e permitiu que interesses materiais fossem colocados acima dos valores do Reino de Deus.
      A Bíblia nos adverte que antes da volta de Jesus acontecerá uma grande apostasia (II Tes. 2:3). É possível que igrejas hoje também venham a apostatar. Isto acontece de maneira sutil e gradual. A arrogância intelectual, as conveniências pessoais, as práticas supersticiosas e todo tipo de carnalidade então passam a ocupar o lugar da verdadeira fé cristã. Não permitamos que isto aconteça às nossa igrejas. Estejamos sempre vigilantes, orando, e atentos à Palavra de Deus. Que o Senhor nos capacite a nos mantermos fiéis a ele.

Pr. Dalton

sábado, 12 de março de 2016

QUE TIPO DE IGREJA QUEREMOS SER?

          Atualmente apresentam-se vários modelos de igreja. Líderes e teóricos idealizam modelos eclesiásticos e estratégias de crescimento de igreja, e depois submetem as igrejas a seus experimentos. Os resultados são alardeados, e cada um apresenta a sua “receita” de igreja bem sucedida. Existem pra todos os gostos: igreja em célula, igreja com propósitos, igreja familiar, igreja no modelo dos 12, igreja primitiva, igreja apostólica, etc. A última novidade é a igreja emergente. Trata-se de um modelo eclesiástico que procura amoldar-se ao contexto cultural da sociedade, fazendo do espaço físico da igreja o ponto de convergência para as várias “tribos” ao oferecer simultaneamente atrações que agradem a todos. Para este tipo de igreja o mais importante não é o conteúdo da fé cristã, mas a sensação de bem estar alcançado por meio das experiências oferecidas pela igreja. Assim, ao mesmo tempo em que o culto é realizado, pode estar acontecendo uma peça teatral em outra dependência do templo, enquanto no café da igreja “rola” a apresentação de uma banda. Enquanto isso, também pode estar acontecendo uma dinâmica em grupo de terapia familiar e uma clínica de crescimento profissional. O cardápio deve ser variado para atender a todos os gostos.
            Por outro lado, percebemos também outras igrejas que se fecham em si mesmas, esquecendo-se de sua natureza e missão, e não prestam atenção às necessidades e clamores da sociedade e do mundo ao redor. Contentam-se em fazer da igreja um local, e não o Corpo de Cristo. Fazem da vida cristã um conjunto de rituais, e não vida de compromisso e relacionamento com Deus. No fim das contas, são parecidas com as igrejas que procuram soluções humanas para seu crescimento: são todas igrejas que perdem sua verdadeira identidade.
         A identidade de uma verdadeira igreja de Cristo é definida pela sua natureza e missão. Se não mantivermos nossa natureza, e mudarmos nossa missão, deixaremos de ser verdadeira igreja de Cristo. Podemos nos tornar um centro de artes, clube social, organização filantrópica, fraternidade política, comunidade terapêutica, ou qualquer outra coisa. A Bíblia, que é o registro fiel da Revelação de Deus, é quem define nossa identidade como crentes e como Igreja de Cristo. Precisamos continuar dependendo de Deus e aprendendo com a Bíblia para que tenhamos sempre bem claro em nossas mentes e corações qual a nossa natureza e missão. Nossos métodos e estratégias precisam estar sempre em consonância com nossa verdadeira identidade, e por tanto, com a Bíblia. Métodos e estratégias não substituem vidas comprometidas com Deus, com sua Palavra, e com a oração. Nem podem ser mais valorizados que a atuação de Deus, que buscamos por meio da oração.
      Cabe-nos esta reflexão: que tipo de igreja queremos ser? Fria, acomodada, secularizada? Descaracterizada e conformada ao mundo? Centrada em si mesma? Procurando soluções humanas? Ou queremos ser igreja que realmente apresenta Cristo ao mundo? Decidamos pela Palavra de Deus, e vivamos vidas coerentes com ela, para que continuemos a ser verdadeira Igreja de Cristo, sal da terra e luz do mundo, anunciando as boas novas de salvação até que volte o Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 10 de março de 2016

A VERDADEIRA PRÁTICA DO CRISTIANISMO

      É comum, até mesmo entre os evangélicos, uma prática religiosa contemplativa. Esta se restringe a buscar sentir a presença gloriosa de Deus, deixando de lado as atitudes ou frutos que o Senhor Jesus ordenou que produzíssemos. Ao contemplar a glória do Senhor Jesus transfigurado conversando com Elias e Moisés, Pedro declarou: “bom é estarmos aqui”, e propôs a Jesus que permanecessem ali. Jesus não aceitou a proposta, e desceu do monte junto com Pedro, Tiago e João ao encontro dos outros discípulos e da multidão necessitada que o aguardava. Jesus queria mostrar aos seus discípulos a sua glória, mas também quis ensinar-lhes que seu lugar não era ali, mas junto à multidão que necessitava dele (Marcos 9:2 – 29).
      Há ocasiões em que nos comportamos como Pedro, e queremos ficar somente no alto do monte, contemplando a glória de Jesus. Como são maravilhosos os momentos que passamos em oração ou cultuando a Deus. Muitas vezes, ficamos maravilhados como Pedro ficou. Entretanto, a vida cristã não consiste somente nisto. Jesus ensinou que precisamos produzir frutos que glorifiquem a Deus (João 15:8). O primeiro é a obediência aos mandamentos de Jesus (João 15:8-15). O segundo fruto é a prática do amor (João 15:17), e o terceiro, a santificação (João 15:18 – 19). Finalmente, o último fruto mencionado, e não menos importante, é o testemunho de Cristo (João 15:26 – 27).
      A vida cristã não consiste em querer ver a glória de Deus, mas em buscar torná-la visível ao mundo através dos frutos que produzimos. E não é isolados, no alto do monte, que iremos produzi-los, mas no meio da multidão necessitada. Nossa comunhão com Deus não deve servir apenas como meio de prazer espiritual. Ela deve, antes de tudo, nos preparar para servi-lo produzindo os frutos que o Senhor Jesus ordenou.

quarta-feira, 9 de março de 2016

A BÍBLIA É HOMOFÓBICA?

      Assisti a um vídeo em que um "pastor" gay afirmava que a tradição judaico-cristã era um entrave à causa LBGT, e que cristãos deveriam ser mais humanistas e menos bíblicos. Em suas palavras há um peso de acusação contra a Bíblia e a tentativa de estabelecer o pensamento humano como referencial para uma nova ética cristã.
      É evidente que os ensinamentos da Bíblia condenam a prática do homossexualismo, colocando-o como algo totalmente oposto ao que Deus planejou e criou. O livro de Gênesis declara que Deus criou o ser humano somente com dois sexos: macho e fêmea, e para terem relacionamento sexual monogâmico duradouro, afetuoso e responsável somente entre os dois sexos (Gênesis 1:27-28, 2:18, 21-24). Basta a observação da constituição genética, anatômica e fisiológica dos seres vivos para constatarmos que a Bíblia está com a razão.
      Durante os anos 80 e 90, muita pesquisa científica foi feita para provar que haveria uma causa biológica para o homossexualismo, que determinaria esta condição do indivíduo desde a sua gestação. Não houve nenhuma comprovação a respeito disto. Em compensação, muitas estatísticas sobre o assunto foram realizadas, apontando causas emocionais e comportamentais. Ninguém nasce homossexual. Alguns fatores podem levar o individuo a tornar-se assim, como por exemplo, modelo feminino dominante, violência sexual na infância, e em muitos casos indução às práticas homossexuais durante a infância. Outra constatação é que o homossexualismo é causa de grande tormento interior. Militantes da causa gay afirmam que isto é resultado da discriminação da sociedade. Entretanto, mesmo nos países mais liberais, homossexuais sofrem conflito interior por contrariarem sua natureza original de homem ou de mulher.
      A Bíblia aponta como causa principal para o homossexualismo a condição pecaminosa do ser humano, que busca prazeres desenfreadamente para preencher seu vazio existencial causado por sua alienação e rebeldia em relação a Deus (Romanos 1:21-32). Portanto, o homossexualismo é pecado, tal como mentira, adultério, cobiça, violência, egoísmo, orgulho, inveja, ganância, idolatria, etc. O homem possui autodeterminação, e assim pode escolher a busca da cura para algo que contraria a perfeita vontade de Deus e torna a si mesmo infeliz. Se não faz assim, arcará com todas as consequências. O Velho Testamento condena o homossexualismo como pecado e ordena que os que o praticam sejam mortos, como também os adúlteros (Levítico 20:13, Deuteronômio 22:22). No Novo Testamento Jesus, que é a culminação da revelação de Deus, aboliu este tipo de pena de morte, mas deixou claro que a pessoa deve mudar de atitude para ter o seu perdão (João 8:1-11). Ou seja, o indivíduo prestará contas a Deus. A Bíblia afirma que quem não renuncia ao pecado e não aceita o perdão de Jesus não entrará no Céu, e na lista dos pecados é mencionada também a sodomia (I Coríntios 6:9). O fato de a Bíblia confrontar-nos com nossos pecados é para o nosso bem, pois a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2). Se alguém não aceita isto, além de prejudicar a si mesmo, prestará contas a Deus. A Bíblia ensina também que Jesus morreu para salvação de todos os pecadores, o que inclui também os homossexuais (João 3:16, Romanos 5:8). Todo pecador, incluindo o homossexual, precisa arrepender-se, aceitar o perdão de Jesus, buscar forças em Deus e a ajuda dos irmãos para vencer suas fraquezas.
     A Bíblia não discrimina os homossexuais, pois afirma que todos são pecadores, inclusive eles (Romanos 3:23). Deus não discrimina os homossexuais, pois Jesus morreu por todos os pecadores, inclusive eles (Romanos 5:6, I Coríntios 15:3, II Coríntios 5:15). A Bíblia ensina que todos os pecadores precisam arrepender-se, mudar de atitude, e aceitar o perdão e o senhorio de Jesus, inclusive os homossexuais. A Bíblia, portanto, não discrimina ninguém e ensina a fazermos o bem a todos (Gálatas 6:10). Para os militantes gays manifestar opinião contrária ao seu estilo de vida é homofobia. Na realidade, é direito de expressão. Homofobia é o desejo ou prática de privar o homossexual de seus direitos de cidadão. Isso nenhum verdadeiro cristão deve fazer.
      Os militantes gays e suas organizações são articulados e usam bem a mídia, de tal maneira que conseguiram influenciar a sociedade. Por isto hoje é "politicamente correto" apoiar o homossexualismo como opção sexual e estilo legítimo de vida que não traria nenhum prejuízo ao indivíduo, família ou sociedade. Assim, as pessoas não têm coragem de discordar do que é “politicamente correto”, e consentem com algo extremamente danoso. A Bíblia não é homofóbica, mas deixa claro que o homossexualismo é condenado por Deus, e que ele tem poder para restaurar o pecador arrependido. Como dizia Billy Graham “Deus ama infinitamente ao pecador, mas abomina totalmente o pecado”.

Pr. Dalton de Souza Lima