segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

CRISTIANISMO SEM BÍBLIA (ou o perigo dos “neos”)

    Anos atrás, fui interpelado por uma jovem que pertencia a uma seita (que depois serviu de tema para reportagem de um conhecido programa da TV). Em seu zelo fanático, queria censurar-me e corrigir-me. Deixei-a falar, e depois, calmamente, mostrei-lhe e expliquei-lhe alguns textos da Bíblia. A jovem interrompeu, irritada: “Mas que coisa! Você responde tudo com a Bíblia!”. Perguntei-lhe: “Vocês não usam a Bíblia em sua igreja?”. A resposta não me surpreendeu: “Não muito, pois não precisamos. Lá temos revelações diretas de Deus”. Ouvir isto de uma adepta de uma seita fanática não me causa espanto. Causa-me estranheza quando vejo atitudes semelhantes em nosso meio. Infelizmente, há muitos que tentam diminuir a importância da Palavra de Deus. Estão produzindo um cristianismo sem Bíblia.

    Um verdadeiro cristão deve prezar a Bíblia como registro fiel da revelação de Deus, e procurar entender seus ensinamentos e pratica-los. Já os apóstolos e primeiros cristãos entendiam assim (II Timóteo 3:16-17, II Pedro 1:20-21, I João 1:1-4, etc.). O princípio batista mais importante, que origina todos os outros princípios e doutrinas, é o de que a Bíblia é a Palavra de Deus e nossa regra de fé e prática. A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira assim define a nossa convicção a respeito da Bíblia: “A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo próprio Espírito Santo. Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a glória de Deus. Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina. Revela o destino final do mundo e os critérios pelos quais Deus julgará todos os homens. A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas a doutrina e a conduta dos homens. Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.” ¹

    Contudo, há cultos em que a Palavra de Deus perdeu sua importância e centralidade para a estética. São verdadeiros shows onde o mais importante é satisfazer a necessidade do belo que as pessoas trazem dentro de si. A arte assume o lugar da Bíblia. Há crentes que, embora acreditem que a Bíblia é a Palavra de Deus, não a leem costumeiramente. A pressa ou a preguiça obliteram a Palavra de Deus. Outros há que a leem com profundidade, sabem até discutir seus aspectos teológicos, mas não se preocupam em cumpri-la. É a hipocrisia impedindo os efeitos da Palavra de Deus.

    Tudo isto é muito grave, mas creio que pior ainda é a atitude daqueles que, propositalmente, procuram atacar a Bíblia ou distorcer seus ensinamentos. Ainda mais quando se trata de líderes nas igrejas, que deveriam pregar e ensinar a Palavra de Deus, e aproveitando-se de sua posição, trabalham para esvaziar a Bíblia e relativizá-la. Noto dois grupos infiltrados em nosso meio que trabalham para este fim: os de tendência neopentecostal, e os que adotam teologias de caráter neoliberal (teologias contemporâneas fortemente influenciadas por conceitos da teologia liberal). Ambas as tendências têm em comum, além do prefixo “neo”, o seu desprezo à autoridade da Bíblia como Palavra de Deus. Ambas as tendências colocam outros padrões, em igualdade com a Bíblia, ou acima dela, através dos quais devem ser aferidas a doutrina e a conduta dos homens. Assim, tentam construir, embora por vias diferentes, um cristianismo sem a centralidade e a essencialidade da Bíblia.


1. O neopentecostalismo: a experiência pessoal acima das Escrituras

    Se perguntarmos a qualquer neopentecostal o que pensa sobre a Bíblia, certamente responderá que é a Palavra de Deus. Entretanto, ela não é a máxima autoridade para eles, pois fundamentam muitas de suas crenças, práticas e decisões em experiências pessoais de caráter extático. “Revelações” por meio de visões, “profecias”, ou “línguas” têm para eles maior autoridade que a Bíblia. Sua interpretação da Bíblia é feita à luz de tais experiências.

    No Brasil, o movimento neopentecostal originou-se entre as igrejas pentecostais, cujos cultos possuem ênfase acentuadamente emocional, e cuja membresia era, em sua maioria, oriunda de camadas mais baixas da população, que possuem grande sentimento místico. Nas décadas de setenta, oitenta e noventa, grupos neopentecostais que começavam a formar-se no Brasil receberam influências do exterior e as assimilaram, como os ensinamentos de Kennet Hagin, Benni Him e outros neopentecostais americanos. Valnice Milhomens encarregou-se de difundir a Teologia da Prosperidade, e mais tarde o G 12. Outros surgiram explorando a mídia, e fazendo dela seu principal meio de propagação. Hoje, o neopentecostalismo atinge todas as camadas sociais. Contudo, o importante continua sendo a possibilidade de plena realização pessoal, principalmente material, ainda nesta vida. Qualquer tipo de experiência que, de alguma forma, venha alimentar este tipo de esperança, é tido como de origem divina. Uma “bispa” neopentecostal, pregando em um programa de TV, afirmou que falar em línguas “estranhas” é sinal de que a pessoa pertence a Deus e é por Ele abençoada. Assim, em meio ao pragmatismo do neopentecostalismo, o parâmetro principal continua sendo as experiências emocionais do indivíduo e a sua realização. Alguns neopentecostais utilizam bastante a Bíblia, mas sempre interpretando-a à luz de suas próprias experiências.

    Portanto, é comum ouvir-se de quando em vez um neopentecostal isolar o texto do contexto e afirmar “a letra mata, mas o Espírito vivifica” (II Coríntios 3:6b). Trata-se de uma tentativa incoerente de procurar na própria Bíblia uma justificativa para desprezá-la.


2. O neoliberalismo: o contexto contemporâneo fala mais alto

    O liberalismo teológico surgiu no final do século XIX. Seu objetivo norteador era fazer uma teologia contextualizada à cultura de sua época, que não se chocasse com os pressupostos racionalistas da ciência natural. Os teólogos liberais entendiam que, para atingirem seu objetivo, uma das necessidades era relegar os aspectos sobrenaturais da fé cristã ao segundo plano, obscurecendo sua importância, ou mesmo aceitar os pressupostos da crítica racionalista e negar sua veracidade. Ao rejeitarem o sobrenatural na fé cristã, rejeitaram também a autoridade infalível das Escrituras, visto que sua autoridade resulta do fato de ser ela o registro da revelação sobrenatural de Deus. Os teólogos liberais não abandonaram completamente a Bíblia, mas criam que ela era resultado do esforço do homem em querer conhecer a Deus, e não faziam dela a única regra de fé e prática. Desenvolveram exegeses dos textos bíblicos orientados pela crítica racionalista e pelo seu esforço de harmonizar a fé cristã com a mentalidade da época.

    Compreendiam os dogmas e doutrinas da teologia cristã como resultado da mentalidade de cada época. Assim, não haveria motivo para atrelar a teologia a eles, e a teologia liberal desenvolveu-se aparte das Escrituras e das doutrinas da teologia protestante.

    A teologia liberal esvaziou a fé cristã de seu conteúdo transcendente e fundamental. Negando a autoridade das Escrituras como revelação de Deus, relegaram o cristianismo à completa subjetividade, sem qualquer referencial mais objetivo para a fé. Sua reinterpretação de Cristo e dos dogmas deu à fé cristã uma conotação puramente temporal e social. Assim, falharam no seu intento inicial de oferecer uma resposta à crítica racional que assegurasse a continuidade da fé cristã. Segundo Karl Barth, conduziram a fé cristã a um beco sem saída ² . “Assim, no século XIX e início do XX, assistimos na teologia protestante à progressiva e depois total liquidação da essência do cristianismo, que não só, no fim das contas, não se distingue mais das outras religiões como também deixa até mesmo de ser uma religião” ³ .

    A teologia liberal influenciou ou originou outras formas de pensamento teológico que também pouco valorizam a Bíblia. Hoje, no meio acadêmico há uma pluralidade de teologias que podem ser chamadas de neo-liberais. Embora não mantenham todas as características do liberalismo, são influenciadas, direta ou indiretamente, por seus conceitos. Há de comum entre elas as tendências de tratar a Bíblia da mesma forma que a teologia liberal a tratava, e de dar mais importância aos problemas sociais estruturais, sem considerar que resultam dos problemas espirituais. É comum encontrar escritores e professores de teologia que não creem na Bíblia como registro infalível da revelação de Deus, e que creem que podemos pautar nossa fé e conduta conforme outras fontes e padrões. Tendem a interpretar a Bíblia segundo o contexto sócio-político e cultural de nossos dias, ao invés de aplicar sua mensagem essencial a este contexto. Via de regra, preferem embasar seus conceitos, ensinamentos e pregações em filosofia, sociologia, psicologia ou antropologia, ao invés de utilizarem tais disciplinas somente como auxiliares à contextualização da proclamação de nossa fé. Tais conceitos e tendências não estão restritos aos meios acadêmicos, mas enfraquecem alguns púlpitos, de onde são sutilmente ensinados.


Conclusão

    Não estamos preconizando um suicídio intelectual. Também não pretendemos anular nossas emoções e negar sua influência sobre nossa experiência religiosa. Contudo, queremos reafirmar o princípio escriturístico e doutrinário da Palavra de Deus como a base de nossa fé e seu legítimo referencial. A fé implica em uma opção pessoal, e quando optamos pelo cristianismo, aceitamos também a Bíblia como sua regra de fé e prática. É evidente que esta opção não nos exime da responsabilidade de utilizarmos hermenêutica séria e eficaz para a sua interpretação, mas cremos que a direção do Espírito Santo e o exercício do bom senso nos capacitam para esta tarefa.

    Quando Jesus perguntou a seus discípulos se queriam deixá-lo, Pedro respondeu em nome dos demais: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna” (João 6:68). Tais palavras de vida eterna proferidas por Jesus estão registradas na Bíblia. Parafraseando Pedro, pergunto: Para onde iremos nós sem a Bíblia? Karl Barth, usando de ironia, acusou os defensores da teologia ortodoxa (principalmente os fundamentalistas) de fazerem da Bíblia o seu “papa de papel”. Entretanto, também afirmou que o liberalismo teológico levara o cristianismo a um “beco sem saída”, e encontrou alento para si e alimento para seu rebanho no estudo da Palavra de Deus ⁴ . Cristianismo sem Bíblia é realmente um “beco sem saída”.

    A Bíblia é muito clara sobre aquilo que reivindica a respeito de si mesma, e a nossa declaração doutrinária expressa isto muito bem. Um verdadeiro batista é aquele que aceita e pratica na íntegra a nossa declaração doutrinária. Aqueles que não fazem assim não são verdadeiros batistas. Os que andam trabalhando para construir um cristianismo sem Bíblia só têm duas opções: ou reavaliam suas posições, ou usam de honestidade para assumirem que não são mais batistas. Eu, pessoalmente, prefiro continuar com a minha velha e preciosa Bíblia, mesmo que me acusem de tradicional, obtuso, ou o que mais quiserem.
                                                                                                                   Dalton de Souza Lima

sábado, 25 de outubro de 2025

QUE PESCARIA É ESSA?

Jesus chamou seus discípulos para serem "pescadores de homens". Eles entenderam, pois viviam do ofício da pesca, e imediatamente atenderam ao convite (Lucas 5:10-11). Eram homens que diariamente saiam muito cedo em seus barcos e lançavam suas redes ao mar. Ao retornarem, separavam os peixes para vender e faziam a manutenção de suas redes e seus barcos. Então entenderam claramente que o chamado de Jesus era para realizar um trabalho constante de ir até as pessoas e traze-las a Jesus apresentando-o como o Salvador prometido. Jesus entregou-nos a mesma missão, ordenando a todos os seus discípulos que façam novos discípulos para Ele por toda parte, indo mesmo até aos confins da terra (Mateus 28:19-20, Marcos 16:15-16, Atos 1:8).

Mas algo estranho está acontecendo com essa pesca. É como se os pescadores não quisessem mais ir ao mar. Recentemente conversei com pastores que relataram como os membros de suas igrejas estão sendo "pescados" pelas atrações de outras igrejas, e até mesmo sendo convidados pelos seus membros. Muitas estão se especializando nisto, ao invés de esforçarem-se em ganhar vidas preciosas para Jesus. Crentes tentando pescar crentes, e não pecadores. Acham mais fácil.  Mas isso não traz crescimento para o Reino de Deus, e nem a salvação de vidas preciosas. Além de tudo é pecado, pois é desobediência à ordem de Jesus.

Nós não praticamos esse tipo de "pescaria". Cremos que as igrejas devem crescer como consequência da pregação do Evangelho, como Jesus ordenou, e não tentando atrair os membros de outras igrejas. Costumo conversar com os membros de outras igrejas que, espontaneamente, decidem vir para a nossa, e já aconselhei alguns a ficarem em suas igrejas, restaurando a comunhão. Todos são bem vindos, mas nosso interesse principal deve ser o testemunho de Cristo e a salvação de vidas preciosas.

Visitei um querido irmão muito idoso que não pode mais andar e vir à igreja. Seu grande prazer eram os cultos de nossa igreja, e ganhou muitas vidas pra Jesus. Hoje alegra-se com as visitas dos irmãos e em assistir as transmissões de nossos cultos. E continua falando de Jesus aos vizinhos, médicos e fisioterapeutas. Querido irmão ou irmã: como você tem se comportado em relação a esta pescaria? Está em busca de atrações e reconhecimento, ou quer realmente pescar vidas preciosas para Jesus? Invista tempo em diariamente orar, ler a Bíblia, e falar de Jesus. E não deixe a comunhão de sua igreja. Mais que um desafio, este deve ser o nosso compromisso permanente.

Pr. Dalton S. Lima

sexta-feira, 4 de julho de 2025

PASTORES SEM REBANHO

Já perceberam que há pastores sem rebanho? Há muitos pastores que são vítimas da rejeição das igrejas. Conheço pastores com excelente testemunho de verdadeiros servos de Cristo, fiéis à Palavra de Deus, com plena convicção de seu chamado e que foram preteridos por igrejas em processo de sucessão pastoral. Espantoso, não é? Igrejas necessitando de pastores e rejeitando bons pastores. O motivo? Ovelhas que não querem pastor, mas sim um “funcionário” que seja uma mistura de animador de auditório, assistente social, “couch”, contador de piadas (tem que ser realmente boas), e expert em marketing religioso e em mídias sociais. Suas mensagens precisam ser emocionantes, envolventes e devem sempre apresentar algo novo, mesmo que deixem a Bíblia de lado. E muitas vezes os verdadeiros pastores, que apresentam as qualificações verdadeiras (I Timóteo 3:1-7) vão ficando de lado. Mas não me refiro a esses como pastores sem rebanho. Também não estou me referindo a aqueles que, voluntariamente, se dispõe a ajudar outro pastor. Esses colaboram verdadeiramente para o bem do rebanho de Deus, sob a liderança e supervisão do pastor efetivo da igreja.
Como pastores sem rebanho refiro-me a aqueles que são seletivos e não querem pastorear igrejas pequenas ou “difíceis”. E também a aqueles que são evitados pelas igrejas porque não conseguem relacionar-se bem com as pessoas devido à sua imaturidade, egocentrismo, ou outros problemas de personalidade ou conduta. Então escolhem alguma igreja (grande de preferência) para filiar-se enquanto aguardam alguma oportunidade que julguem favorável a si. E vão tocando a vida e ostentando o seu título de pastor, sempre em busca de alguma oportunidade para “brilhar” como pastor: oferecem-se para pregar e ensinar, e tentam “colar” com algum pastor conhecido a fim de também ficarem conhecidos. Procuram fazer seu marketing pessoal postando ativamente nas redes sociais e apresentando o seu “maravilhoso” curriculum sempre que têm oportunidade (se não tiverem apresentam assim mesmo). Alguns passam a tentar cargos e liderança em nossa estrutura denominacional, e até conseguem. Que coisa triste quando um pastor sem rebanho atinge seu objetivo de “pastorear”. Quase sempre termina mal. Igualmente triste quando alcança liderança denominacional. Pastorado e liderança são para maduros e dependentes de Deus, que sabem amar e têm visão da obra.
Igrejas precisam compreender que necessitam de verdadeiros pastores, segundo as qualificações da Palavra de Deus. Pastores precisam sempre entender algumas coisas, entre elas que o chamado vem de Deus, o que é pastorear, e que é Deus quem dá um rebanho.
Meu conselho aos pastores sem rebanho é que deixem de ser pastores sem rebanho. Ou seja: mudem suas atitudes:
1. Faça autocrítica.Você é maduro o suficiente para pastorear? Avalie o conceito que tem de si mesmo e a maneira como trata as outras pessoas (Romanos 12:3). Um pastor que se julga o mais sábio, o mais preparado, o mais santo, o mais qualquer coisa, terá dificuldades para relacionar-se com o seu rebanho ou com qualquer outra pessoa. A princípio pode até impressionar, mas torna-se cansativo, problemático e rejeitado. Também confronte seu estilo de vida com as qualificações pastorais apresentadas em I Timóteo 3:1-7). Deslizes do pastor quanto à sua honestidade, relacionamento familiar ou quaisquer outras áreas da vida cristã repercutem muito mal e podem destruir seu ministério. Se necessário, peça ajuda a um crente verdadeiramente maduro para ajudá-lo em sua autocrítica.
2. Ore mais pedindo direção. Deus é nosso supremo pastor, quem orienta nossos passos, e dá o rebanho que Ele quer a quem Ele quer, e quando Ele quer. Esteja realmente pronto a obedecê-lo.
3. Seja ético. Respeite outros pastores e seus rebanhos. Não se meta a aconselhar ovelha que já tem pastor (sugira que procure o pastor dele). Não fale mal dos outros pastores nem procure tomar o pastorado de outro pastor roubando a simpatia de suas ovelhas. Não concorra com, e nem critique, o pastor da igreja que você é membro, mas procure ajudá-lo sob a orientação dele.
4. Aprimore-se no ensino e pregação da Palavra de Deus. Estas são as principais atividades de um pastor (I Timóteo 5:17). Prepare-se para alimentar bem o rebanho que Deus colocará sob sua responsabilidade.
5. Seja útil. No Reino de Deus há muitas tarefas necessárias e importantes, além de pastorear igrejas grandes. Há pequenas congregações precisando de pastores. Há doentes nos hospitais precisando de visitadores que lhes falem de Jesus. Há bairros necessitando que alguém pregue o evangelho e inicie a plantação de uma nova igreja. Há pequenas igrejas necessitando de professores de EBD. Há paredes precisando de pintura e bancos precisando de conserto. Iniciei o meu ministério em uma pequena congregação no interior de São Paulo onde fiz muitas destas coisas. É maravilhosa a alegria de servir a Deus de todas as maneiras. Não fique em uma grande igreja aguardando alguma oportunidade. Vá ao encontro do serviço do Mestre.
Durante algum tempo adiei o chamado de Deus para o ministério, até que, em um culto decidi atender imediatamente. O hino cantado derrubou as últimas barreiras e marcou-me profundamente. O primeiro verso de sua terceira estrofe diz “Eu quero encontrar um obscuro lugar Na Seara do meu bom Senhor” (“Estou Pronto” 298 CC). Creio que esse deve ser o desejo de cada pastor: não o sucesso e a glória humana, mas servir ao Sumo Pastor com fidelidade e humildade, mesmo que seja pastoreando o menor e mais humilde rebanho. Se esse é o seu desejo, querido pastor, Deus lhe enviará ao seu rebanho.
Pr. Dalton de Souza Lima

sábado, 8 de março de 2025

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O Dia Internacional da Mulher deveria ser uma data muito boa de ser comemorada. Afinal, as mulheres devem ser tratadas com honra e deferência. É lamentável que ainda existam homens, e também mulheres, que não reconheçam o valor das mulheres e não as tratem com a devida dignidade. Entretanto, precisamos conhecer as origens deste dia e os objetivos de seus criadores. Também precisamos, como discípulos e discípulas de Cristo, avaliar suas implicações à luz da Palavra de Deus.

A idéia da comemoração deste dia surgiu depois que o Partido Socialista da América realizou uma marcha pelos direitos das mulheres em Nova York no dia 20 de fevereiro de 1908. Naquela marcha 15.000 mulheres reivindicavam igualdade salarial, redução da jornada de trabalho e direito ao voto. O mesmo partido, um ano depois, declarou o primeiro dia nacional das mulheres.

Clara Zetkin, uma ativista comunista, lançou a idéia de um dia internacional das mulheres em 1910, durante uma conferência internacional de mulheres socialistas. Aconteceu em Copenhagen com a participação de cem mulheres.

O Dia Internacional da Mulher foi oficialmente instituído pela ONU em 1975. O dia 8 de janeiro foi escolhido em alusão à greve das mulheres russas em 1917, que reivindicavam "pão e paz". Logo em seguida o czar da Rússia teve que abdicar e aconteceu a revolução comunista.

É importante ressaltar que, embora inicialmente o movimento feminista tenha defendido causas justas, defendia também as idéias comunistas, e esteve sempre associado e protegido pelos movimentos revolucionários e partidos marxistas ou comunistas. Assim, causas justas têm servido de ponto de apoio para as ideologias comunistas-socialistas.

Outra coisa importante a observar é que as teóricas do feminismo perverteram os objetivos originais. A principal influenciadora do feminismo, Simone de Beauviour (comunista), escreveu que a mulher precisa libertar-se da maternidade e do casamento, e assumir sexualidade plena em todas as suas formas. Ou seja: a mulher realmente livre não casa, não tem filhos, e pratica todo tipo de promiscuidade sexual. Ela própria viveu isso em seu relacionamento com o filósofo Jean Paul Sartre (comunista). Seguiram-se a ela outras escritoras feministas defendendo idéias parecidas. Atualmente a agenda feminista defende principalmente o empoderamento da mulher, o direito ao aborto livre e indiscriminado, e a aceitação plena da ideologia de gênero inclusive nas escolas. Continua também associada à defesa do marxismo. Embora a defesa da mulher contra a violência seja legítima, não é exclusividade do movimento feminista, e a nossa lei já condena todo tipo de violência, inclusive esta (antes mesmo da lei Maria da Penha).

Com "empoderamento da mulher," o movimento quer dizer que as mulheres devem assumir o controle, pois os homens possuem "masculinidade toxica". Os homens não devem emitir opiniões diante das mulheres ("men explaining") e devem adotar atitudes passivas e até femininas.

As militantes feministas também condenam o cristianismo e o modelo de família ensinado pela Bíblia. Afirmam que esse modelo "judaico-cristão patriarcal" de família é prejudicial à mulher e à sociedade.

O que a Bíblia tem a nos dizer sobre essas coisas envolvidas no Dia Internacional da Mulher?

1. A Bíblia traz grande dignidade à mulher, igualando seu valor ao do homem. Ambos são criação de Deus e amados por Ele. E Cristo iguala a todos (Gênesis 1:27, João 3:16, Gálatas 3:27-28). Portanto, maridos devem amar esposas como Cristo nos amou, e esposas devem reverenciar seus maridos. Quem não vive isso em seu casamento, sua oração "não passa do teto" (Efésios 5:25-33, I Pedro 3:7).

2. Não podemos compactuar com as trevas, seja lá a forma que assuma, seja o machismo ou o feminismo. O ser humano, seja homem ou mulher, é corrompido pelo pecado, e por isso capaz de explorar, enganar, cometer violência. Só Jesus na vida de cada pessoa transforma e nos faz realmente amar ao próximo (II Coríntios 5:17, Mateus 5:43-45) 

3. Devemos ter o cuidado de entender as coisas além das aparências. A Bíblia nos diz que o próprio Diabo é capaz de se disfarçar de anjos de luz e seus servos de ministros da justiça (II Coríntios 11:14-15). Portanto, muita reflexão e discernimento antes de apoiarmos causas ou aderirmos a determinadas práticas.

Mulheres, vocês são amadas por Deus todos os dias (e por nós também). Precisamos levar a todos o verdadeiro amor de Deus em Cristo Jesus. Esta é a maior de todas as causas.

Dalton S. Lima


https://www.bbc.com/portuguese/articles/c9w9n4kyemxo

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_das_Mulheres

https://frutodapalavra.blogspot.com/2018/02/a-desfamiliarizacao-da-mulher-e.html?m=1

https://frutodapalavra.blogspot.com/2020/11/um-alerta-aos-cristaos-que-se-dizem.html?m=1


quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A RESPONSABILIDADE NO USO DO PÚLPITO

      Dirigir-se a um público implica em uma grande responsabilidade, pois o orador comunica ideias e pontos de vista capazes de influenciar e afetar outras pessoas. Quando se trata do uso do púlpito em uma igreja, a responsabilidade é maior ainda, pois quando um pregador dirige-se aos membros de uma igreja, a sua pregação deve ser extraída da Palavra de Deus e deve estar em plena harmonia com ela. Só assim trará consolo, correção e edificação, para os crentes, e salvação para aqueles que ouvem o Evangelho de Jesus. Uma pregação tem resultados, não somente aqui neste mundo, mas por toda a eternidade. Uma mensagem bíblica, clara, anunciada na dependência de Deus, é usada poderosamente por Ele para falar aos corações das pessoas. Quando nossa mensagem mistura ensinamentos da Bíblia com ideias meramente pessoais ou divagações filosóficas, e é transmitida à igreja utilizando somente técnicas de persuasão, ela perde sua eficácia, e pode até tornar-se nociva ao inculcar ideias discrepantes da Palavra de Deus, ou até promover tropeço em relação à fé cristã.

Pregadores hão de prestar contas a Deus e à sua congregação. O rebanho pertence a Deus, e somos meros servos incumbidos de alimentar esse rebanho com ensinamento sadio e edificante. O púlpito pertence à igreja em segundo lugar, e quando ela escolhe e dá posse a um pastor, está lhe entregando a responsabilidade do ensino e da pregação. Tudo que for ensinado deste púlpito, seja por intermédio de seus lábios, ou por meio de lábios de outros pregadores, é da responsabilidade do pastor.

Portanto, o púlpito não é oportunidade para expor idéias próprias sem passar pelo crivo acurado da Palavra de Deus, nem para demonstrar erudição ou qualidades pessoais. Púlpito é oportunidade para apontar para Jesus, e para tanto, devemos ter a mesma atitude de João Batista ao apontar para Jesus e dizer “convém que Ele cresça e eu diminua” (João 3:30). O pregador, diariamente, precisa diminuir o seu ego e deixar que Cristo cresça cada vez mais em si, para que seu púlpito possa também apontar para Jesus. Precisamos pregar com temor e tremor, cônscios de nossa necessidade de total dependência de Deus e da grande responsabilidade que pesa sobre nós.

Precisamos nos dedicar cada vez mais ao estudo da Bíblia, que é a fonte de onde deve jorrar o conteúdo puro de nossas pregações. Precisamos nos esmerar cuidadosamente no preparo de nossas mensagens, para que apliquem os ensinamentos bíblicos às nossas vidas cotidianas de maneira realmente edificante. Devemos pregar de maneira clara, objetiva e, para que todos apreendam com facilidade a mensagem que transmitimos. Precisamos ter muito cuidado com as palavras e expressões que utilizamos, escolhendo-as com precisão, para que todos entendam exatamente o seu sentido, e nada possa ser mal interpretado trazendo prejuízo a vidas preciosas.

Todas as distorções da Palavra de Deus são nocivas, sejam consideradas “grandes” ou “pequenas”, intencionais ou acidentais. Não podemos nem devemos, em nome de um pieguismo muitas vezes confundido com amor, sermos irresponsáveis e permitir que os púlpitos de nossas igrejas tornem-se objetos de onde são proferidas tais distorções. A falta de amor está em faltar com a responsabilidade diante de Deus e da igreja. A falta de amor está em não reconhecer a árdua responsabilidade dos pastores, que terão que prestar contas de seu rebanho a Deus (Hebreus 13:17). A falta de amor está em não levar a sério a responsabilidade do púlpito, e fazer dele objeto de dominação pessoal, ou dele proferir palavras que trazem prejuízo a fé cristã, à edificação pessoal, ou que servem de embaraço para as pessoas virem a Jesus. Lembremos que o púlpito não é oportunidade para um debate intelectual de ideias, mas para fiel pregação da Palavra de Deus. Pastores, pregadores e igrejas: usemos sempre de responsabilidade com nossos púlpitos.

Pr. Dalton de Souza Lima