sexta-feira, 4 de julho de 2025

PASTORES SEM REBANHO

Já perceberam que há pastores sem rebanho? Há muitos pastores que são vítimas da rejeição das igrejas. Conheço pastores com excelente testemunho de verdadeiros servos de Cristo, fiéis à Palavra de Deus, com plena convicção de seu chamado e que foram preteridos por igrejas em processo de sucessão pastoral. Espantoso, não é? Igrejas necessitando de pastores e rejeitando bons pastores. O motivo? Ovelhas que não querem pastor, mas sim um “funcionário” que seja uma mistura de animador de auditório, assistente social, “couch”, contador de piadas (tem que ser realmente boas), e expert em marketing religioso e em mídias sociais. Suas mensagens precisam ser emocionantes, envolventes e devem sempre apresentar algo novo, mesmo que deixem a Bíblia de lado. E muitas vezes os verdadeiros pastores, que apresentam as qualificações verdadeiras (I Timóteo 3:1-7) vão ficando de lado. Mas não me refiro a esses como pastores sem rebanho. Também não estou me referindo a aqueles que, voluntariamente, se dispõe a ajudar outro pastor. Esses colaboram verdadeiramente para o bem do rebanho de Deus, sob a liderança e supervisão do pastor efetivo da igreja.
Como pastores sem rebanho refiro-me a aqueles que são seletivos e não querem pastorear igrejas pequenas ou “difíceis”. E também a aqueles que são evitados pelas igrejas porque não conseguem relacionar-se bem com as pessoas devido à sua imaturidade, egocentrismo, ou outros problemas de personalidade ou conduta. Então escolhem alguma igreja (grande de preferência) para filiar-se enquanto aguardam alguma oportunidade que julguem favorável a si. E vão tocando a vida e ostentando o seu título de pastor, sempre em busca de alguma oportunidade para “brilhar” como pastor: oferecem-se para pregar e ensinar, e tentam “colar” com algum pastor conhecido a fim de também ficarem conhecidos. Procuram fazer seu marketing pessoal postando ativamente nas redes sociais e apresentando o seu “maravilhoso” curriculum sempre que têm oportunidade (se não tiverem apresentam assim mesmo). Alguns passam a tentar cargos e liderança em nossa estrutura denominacional, e até conseguem. Que coisa triste quando um pastor sem rebanho atinge seu objetivo de “pastorear”. Quase sempre termina mal. Igualmente triste quando alcança liderança denominacional. Pastorado e liderança são para maduros e dependentes de Deus, que sabem amar e têm visão da obra.
Igrejas precisam compreender que necessitam de verdadeiros pastores, segundo as qualificações da Palavra de Deus. Pastores precisam sempre entender algumas coisas, entre elas que o chamado vem de Deus, o que é pastorear, e que é Deus quem dá um rebanho.
Meu conselho aos pastores sem rebanho é que deixem de ser pastores sem rebanho. Ou seja: mudem suas atitudes:
1. Faça autocrítica.Você é maduro o suficiente para pastorear? Avalie o conceito que tem de si mesmo e a maneira como trata as outras pessoas (Romanos 12:3). Um pastor que se julga o mais sábio, o mais preparado, o mais santo, o mais qualquer coisa, terá dificuldades para relacionar-se com o seu rebanho ou com qualquer outra pessoa. A princípio pode até impressionar, mas torna-se cansativo, problemático e rejeitado. Também confronte seu estilo de vida com as qualificações pastorais apresentadas em I Timóteo 3:1-7). Deslizes do pastor quanto à sua honestidade, relacionamento familiar ou quaisquer outras áreas da vida cristã repercutem muito mal e podem destruir seu ministério. Se necessário, peça ajuda a um crente verdadeiramente maduro para ajudá-lo em sua autocrítica.
2. Ore mais pedindo direção. Deus é nosso supremo pastor, quem orienta nossos passos, e dá o rebanho que Ele quer a quem Ele quer, e quando Ele quer. Esteja realmente pronto a obedecê-lo.
3. Seja ético. Respeite outros pastores e seus rebanhos. Não se meta a aconselhar ovelha que já tem pastor (sugira que procure o pastor dele). Não fale mal dos outros pastores nem procure tomar o pastorado de outro pastor roubando a simpatia de suas ovelhas. Não concorra com, e nem critique, o pastor da igreja que você é membro, mas procure ajudá-lo sob a orientação dele.
4. Aprimore-se no ensino e pregação da Palavra de Deus. Estas são as principais atividades de um pastor (I Timóteo 5:17). Prepare-se para alimentar bem o rebanho que Deus colocará sob sua responsabilidade.
5. Seja útil. No Reino de Deus há muitas tarefas necessárias e importantes, além de pastorear igrejas grandes. Há pequenas congregações precisando de pastores. Há doentes nos hospitais precisando de visitadores que lhes falem de Jesus. Há bairros necessitando que alguém pregue o evangelho e inicie a plantação de uma nova igreja. Há pequenas igrejas necessitando de professores de EBD. Há paredes precisando de pintura e bancos precisando de conserto. Iniciei o meu ministério em uma pequena congregação no interior de São Paulo onde fiz muitas destas coisas. É maravilhosa a alegria de servir a Deus de todas as maneiras. Não fique em uma grande igreja aguardando alguma oportunidade. Vá ao encontro do serviço do Mestre.
Durante algum tempo adiei o chamado de Deus para o ministério, até que, em um culto decidi atender imediatamente. O hino cantado derrubou as últimas barreiras e marcou-me profundamente. O primeiro verso de sua terceira estrofe diz “Eu quero encontrar um obscuro lugar Na Seara do meu bom Senhor” (“Estou Pronto” 298 CC). Creio que esse deve ser o desejo de cada pastor: não o sucesso e a glória humana, mas servir ao Sumo Pastor com fidelidade e humildade, mesmo que seja pastoreando o menor e mais humilde rebanho. Se esse é o seu desejo, querido pastor, Deus lhe enviará ao seu rebanho.
Pr. Dalton de Souza Lima

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